Helen (Ashley Judd) tem a vida perfeita: é uma bem sucedida e talentosa professora de música. É uma mãe amorosa e companheira, uma esposa amada e feliz. E é portadora do transtorno bipolar.
Ela nunca disse ao marido David (Goran Visnjic) que já havia tido uma crise, no período pós-parto e, passados tantos anos, o transtorno volta à tona, surgindo como um surto devastador, que afeta todas as esferas de sua vida. Ajudá-la é um desafio para a família e amigos, que encontram dificuldade em acreditar que uma pessoa com uma vida tão boa pode ter um quadro depressivo que chega a extremos, como a ideia do suicídio.
É mesmo difícil para quem não sente na pele o transtorno bipolar entender o que se passa com Helen, e sua família se sente de mãos atadas. Em um dos momentos mais dramáticos, David questiona o porquê dela preferir ficar com Mathilda (Lauren Lee Smith), também portadora do transtorno, a voltar com ele pra casa. Seu marido pergunta: “o que a torna tão especial?”, e a singela resposta de Helen vem direta: “ela não pergunta como eu me sinto, ela sabe!”.
Pode parecer exagerado, ou irreal, para um espectador desavisado, mas é um relato bastante próximo das experiências vividas por quem convive com essa doença. O filme flui com o diagnóstico do transtorno bipolar, o tratamento e as dificuldades de adaptação a ele, além das consequências da doença, demonstrando inclusive a importância do apoio ao paciente, que passa por uma situação extremamente delicada.
Vale a pena assistir esse filme para um melhor conhecimento dessa desordem que é tão prevalente nos dias atuais: só no Brasil, estima-se que dois milhões de brasileiros sofram com a forma mais grave desse distúrbio afetivo, que afeta 4% da população. A doença não tem cura, mas o tratamento correto proporciona uma melhor qualidade de vida aos portadores.
As faces de Helen (Helen, EUA , Alemanha, UK e Canadá, 2009), dirigido por Sandra Nettelbeck, com Ashley Judd, Goran Visnjic, Lauren Lee Smith, Alexia Fast, Alberta Watson, Leah Cairns, David Hewlett, David Nykl, Chelah Horsdal, Ali Liebert e Conrad Coates.