“O tempo presente e o tempo passado
Estão ambos talvez presentes no tempo futuro,
E o tempo futuro contido no tempo passado.
Se todo o tempo é eternamente presente
Todo o tempo é irredimível”.
Quatro Quartetos, T. S. Eliot.
É com esse trecho que começa a obra que conta a história de quatro amigos – Peter (Christopher Walken), Juliette (Catherine Keener), Daniel (Mark Ivanir) e Robert (Philip Seymour Hoffman) – que há mais de 20 anos formam o maior quarteto de cordas do mundo.
Enquanto preparam a próxima temporada, ensaiando a peça Opus 131 String Quartet in C# Minor, de Beethoven, os músicos são pegos de surpresa com o diagnóstico de Mal de Parkinson, do doce violoncelista Peter, que quer fazer do próximo o seu último concerto, sua despedida, e entende que seus colegas merecem a oportunidade de se prepararem para continuar sem ele.
Não bastasse o choque do dar-se conta da finitude, o quarteto se vê em meio a intrigas que ameaça sua própria continuidade. O medo, a competição, a luta pelo poder, o duelo de egos, a vaidade do amor próprio e a fragilidade do amor romântico são ameaças à resoluta decisão tomada pelos quatro músicos em manter a arte exercida por eles acima das diferenças e dificuldades particulares de cada um.
Boa música embala a trama apaixonada de personagens maduros que transbordam emoções represadas ao longo de sua parceria. E é interessante notar como a doença que apenas desponta já começa a mudar toda a interação ao redor e a mexer com as emoções de todos.
O Último Concerto foi o trabalho de despedida de ganhador do Oscar de Melhor Ator, Philip Seymour Hoffman, que faleceu em fevereiro de 2014, não chegando a ver o filme pronto.
O Último Concerto (A Late Quartet, EUA, 2014), dirigido por Yaron Zilberman, com Christopher Walken, Catherine Keener, Mark Ivanir, Philip Seymour Hoffman, Imogen Poots, Liraz Charhi, Wallace Shawn e Ted Hartley.