Há dez anos em Paris, na França, o senegalês Samba (Omar Sy) trabalha fazendo pequenos bicos temporários enquanto mora com seu tio e manda dinheiro para a mãe e as irmãs, que ficaram no seu país natal.
Prestes a conseguir seu diploma de cozinheiro, Samba resolve comunicar ao serviço de imigração o convite que recebeu, para ser efetivo em um restaurante, quando descobre que seu pedido de visto foi negado e que está irregular no país.
Preso, ele só pode contar com o serviço voluntário de uma Organização Não Governamental (ONG) que presta todo o tipo de ajuda para imigrantes, e é daí que conhece Alice (Charlotte Gainsbourg).
Alice é literalmente uma bomba prestes a explodir – de novo! Alta executiva de uma grande corporação, extrapolou todos os seus limites: trabalhava mais de 12 horas por dia, abriu mão de qualquer vida pessoal, de amigos e de famílias, perdeu o marido, deixou seus sonhos de lado, tudo em busca de metas cada vez mais difíceis de atingir, até que a pressão cobrou seu preço. Toda a tensão presa na personagem é revelada em uma frase, simples e carregada de emoção: “eu tive um burnout”
O trabalho voluntário na ONG faz parte do processo de reconexão com sua vida, assim como fazer carinho em cavalos. Mas em alguns momentos o autocontrole teima em lhe escapar, e Alice mostra, de uma maneira bem-humorada, mesmo quando séria, como é lidar com a perda total de seus atos e as dificuldades em se encontrar e entrar nos trilhos da vida normal.
Samba e seu amigo Wilson (Tahar Rahim), um suposto brasileiro, mostram a realidade dos imigrantes que largam guerras civis ou extremas misérias em seus países para tentar a sorte em países Europeus. Submetem-se a trabalhos temporários de todos os tipos, muitas vezes em situações precárias, sem nenhuma garantia.
Um dos maiores dramas de Samba é o medo de não se lembrar quem é, e se esquecer até do seu nome verdadeiro, pois para conseguir os piores trabalhos, precisa de documentos – falsos.
O bom humor que traça todo o filme torna as histórias mais suaves, sem tirar delas o peso e a gravidade. A trilha sonora é um caso à parte: Gilberto Gil e Jorge Ben Jor levam toda a brasilidade que encanta os franceses para o filme, e Bob Marley marca presença com sua receita sobre o amor.
Samba (Samba, França, 2014), dirigido por Olivier Nakache, Éric Toledano, com Omar Sy, Charlotte Gainsbourg, Tahar Rahim, Izïa Higelin, Issaka Sawadogo, Hélène Vincent, Christiane Millet, Adel Bencherif, Liya Kebede, Clotilde Mollet, Olivier Nakache, Eric Toledano