Um dos principais passos para acabar com o preconceito é destruindo o tabu (aquela proibição implícita de se falar sobre determinados assuntos), e o cinema é um grande aliado nessa trajetória. Com a AIDS tem sido assim. Desde meados da década de 1980 produções vêm trazendo histórias de luta, esperança, solidariedade e fé.
Listamos aqui quatro filmes importantes para você entender a AIDS, até hoje uma doença sem cura, com um tratamento longo e dolorido e que é transmitida através de fluídos sexuais e sangue.
Filadélfia (1993), dirigido por Jonathan Demme, conta uma história de amor e perseverança, em que a solidariedade e a determinação vencem o preconceito.
Andrew Beckett (Tom Hanks) é um promissor advogado que trabalha para um tradicional escritório da Filadélfia. Após a diretoria de sua empresa descobrir que ele é portador do HIV, Andrew é demitido, e então contrata Joe Miller (Denzel Washington), um advogado negro e homofóbico. Durante o julgamento, Joe é forçado a encarar seus próprios medos e preconceitos.
Filadélfia foi um sucesso estrondoso de público. Estreou em um momento em que o HIV era tratado aos sussurros, permeado de preconceitos e fantasias, o que só estigmatizava ainda mais os soropositivos, e o filme veio contribuir trazendo à tona uma discussão tão importante.
Kids (1995), do diretor Larry Clark, causou polêmica ao relacionar a doença ao comportamento inconsequente da juventude.
Com um ar de documentário, o filme mostra um conturbado universo de adolescentes de Nova Iorque, que consomem drogas indiscriminadamente e não querem nem saber de sexo seguro. Um garoto que tem ideia fixa de transar com virgens e uma jovem que teve um único parceiro na vida, mas é soropositiva servem de base para tramas paralelas, que mostram como um adolescente pode prejudicar seriamente sua vida se não estiver bem orientado.
Esse filme chamou a atenção de jovens e pais, e trouxe à tona questões importantes, como a necessidade de diálogo nas famílias, o acesso à informação, auto-estima, entre outros. A obra levou toda uma sociedade à reflexão e impulsionou mudanças de comportamento que marcou uma geração inteira, como o hábito de usar preservativos nas relações sexuais.
Preciosa – Uma História de Esperança (2010), de Lee Daniels, aborda a violência contra a mulher em vários aspectos, e as consequências que marcam para toda a vida.
O ano é 1987, no bairro novaiorquino do Harlem. Claireece “Preciosa” Jones (Gabourey Sidibe) é uma adolescente de 16 anos que sofre uma série de privações durante sua juventude. Violentada pelo pai (Rodney Jackson) e abusada pela mãe (Mo’Nique), ela cresce irritada e sem qualquer tipo de amor.
Os abusos sofridos pelo próprio pai resultam em dois filhos, e “Preciosa” descobre que tem AIDS quando seu pai morre – mas seu filho bebê não tem o vírus.
Um filme para não esquecer:
Cazuza – O Tempo Não Para (2003) tem direção de Sandra Werneck e Walter Carvalho. Conta com Daniel de Oliveira, Marieta Severo e Reginaldo Faria no elenco.
O filme conta a vida louca do cantor Cazuza: família, amigos, sexo, drogas e música, muita música – primeiro no Barão Vermelho e depois em carreira solo – e, por fim, a AIDS.
A obra aponta como a AIDS começou a atingir os jovens nos anos de 1980, época em que muito se sabia sobre o vírus, como prevenir e o que o causava e o preconceito reina absoluto: o autor de Só as mães são felizes e Codinome Beija-Flor é instruído a não beijar, não dividir roupas com ninguém e separar todos os objetos de uso pessoais.
No final de sua vida, um mês antes de morrer, em 1990, com toda a coragem e dignidade, Cazuza estampou a capa da revista Veja para uma reportagem escancarada.