A união da medicina tradicional com tratamentos complementares tem atraído cada vez mais adeptos, inclusive entre os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). A acupuntura, por exemplo, é procurada principalmente por quem sente dores e muitas vezes não encontra alívio imediato nos tratamentos convencionais. Sempre à frente do seu tempo, o Hospital São Paulo/EPM implantou em 1998 o primeiro serviço de pronto atendimento em acupuntura do Ocidente. Desde então, o interesse da população pelas técnicas alternativas só cresceu, e o hospital tornou-se referência no serviço – hoje é responsável por cerca de 10% de todo o atendimento de acupuntura no país.
O Pronto Atendimento do Hospital São Paulo recebe de 60 a 80 pacientes por dia, a grande maioria com queixas de dores, como cólica menstrual, cefaleias, lombalgias e dores crônicas. “Normalmente esses pacientes buscam atendimento no Pronto-Socorro, onde são medicados e dispensados, muitas vezes sem o alívio imediato da dor. Já com a técnica da acupuntura eles saem com 80% até 100% de melhora”, revela o dr. Ysao Yamamura, chefe do setor de acupuntura do Hospital São Paulo. Ele explica que o atendimento tem início com uma anamnese, na sua opinião primordial para verificar as causas da doença ou para detectar a necessidade de encaminhar o paciente para o ambulatório de acupuntura ou para um tratamento convencional. “Também aproveitamos para investigar se ele já está em tratamento, se fez exames.”
Segundo o especialista, não existem restrições para o uso da acupuntura, que, além da eficiente analgesia, tem se mostrado eficaz nos tratamentos de ansiedade, depressão e pressão alta, entre outras doenças. Para os interessados na técnica, o dr. Ysao ressalta a importância de buscar um profissional médico para garantir a eficácia e a segurança do tratamento. “A acupuntura não apresenta efeitos colaterais, mas pode ocasionar lesões, como a perfuração de órgãos, quando não é bem aplicada.”
Novas gerações – Durante muito tempo praticada quase exclusivamente por médicos de origem asiática e de idade mais avançada, hoje a especialidade atrai jovens médicos, como Felipe Caldas de Oliveira, residente do Hospital São Paulo, que conheceu os benefícios da acupuntura como paciente. “Os resultados obtidos em uma única sessão despertaram meu interesse por essa técnica milenar. Apesar de ter escolhido a cirurgia desde o início da minha formação, estou satisfeito com a nova opção.”
A opinião é compartilhada pela acadêmica de medicina Marcele Pimenta Cavalcante, que encara a acupuntura como uma nova proposta em relação à medicina tradicional, pois atua no indivíduo como um todo, sem efeitos colaterais e por um custo menor. “Algumas patologias, principalmente as crônicas, como hipertensão e diabetes, além dos males causados pelo estresse, também podem ser tratadas pela acupuntura, com excelentes resultados e menor impacto no orçamento público da saúde.”