O Projeto Xingu, maior case de saúde indígena do Brasil, está completando 50 anos de existência, com atividades desenvolvidas nas áreas de assistência, ensino e pesquisa. O Projeto que teve origem, em 1965, durante encontro do sertanista Orlando Villas Bôas com o dr. Roberto Baruzzi, professor da Escola Paulista de Medicina, no então recém-criado Parque Indígena do Xingu, cresceu e se expandiu para outras áreas do território brasileiro, atendendo indígenas de diversas etnias.
Além da assistência nas aldeias no Parque Indígena do Xingu, no Hospital São Paulo e na Casa de Saúde do Índio de São Paulo, são realizadas capacitações em municípios que atendem pacientes indígenas em várias regiões, bem como cursos de especialização a distância para profissionais que atuam na assistência direta a comunidades indígenas.
Já no campo da pesquisa, são feitos estudos sobre o perfil epidemiológico e doenças importantes que acometem essa população, como obesidade, hipertensão e diabetes. “Hoje, devido a grandes mudanças culturais decorrentes da intensificação do contato entre indígenas e a sociedade nacional, que incluem a dieta, os indígenas desenvolveram doenças anteriormente inexistentes, como é o caso da diabetes tipo 2, encontrada em cerca de 30% dos adultos em algumas aldeias Xavante e que começa a ser diagnosticada também entre os xinguanos”, explica o dr. Douglas Rodrigues, médico do Projeto Xingu.
Futuro – Segundo o especialista, o futuro do projeto está na ampliação do ensino da saúde indígena nos cursos da Unifesp e na formação de profissionais de saúde para o trabalho intercultural. “Para garantir a longevidade do projeto, precisamos transmitir nossa experiência para as novas gerações”, sentencia. “No momento, temos um curso de pós-graduação em andamento na UNA-SUS/Unifesp e coordenamos um grupo de interesse especial em Saúde Indígena na Rede Universitária em Telemedicina (Rute), que envolve a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a Universidade do Estado do Amazonas (UEA), a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), a Universidade Federal do Rio de Janeiro (Unirio) e a Universidade de Brasília (UnB).”
Números – No Brasil existem cerca de 300 povos indígenas, que falam mais de 250 idiomas, pertencentes a dois grandes troncos de 39 famílias linguísticas.