O dia 15 de junho marca o Dia Mundial de Conscientização da Violência Contra a Pessoa Idosa, uma data importante para abordar um assunto delicado devido a inúmeros tabus e situações de vulnerabilidade de idosos.
Dados do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos mostram que foram registradas mais de 37 mil denúncias de abusos contra pessoas idosas em 2018, o que representa um aumento de 13% em relação ao ano anterior. O levantamento mostra que as mulheres estão mais suscetíveis à violência. Em 62,6% dos casos elas foram as vítimas e os homens, em 32%. Em 5,1% dos registros, o gênero da vítima não foi informado.
O balanço informa que 52,9% dos casos de violência foram cometidos pelos filhos, seguidos de netos (7,8%). Entre os registros mais constatados estão negligência (38%), violência psicológica (26,5%), abuso financeiro e econômico (19,9%) e violência física (12,6%).
Em 2017 o número de brasileiros com mais de 60 anos superou os 30 milhões. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2031 a quantidade de idosos vai superar a de crianças e adolescentes de até 14 anos.
Para conscientizar e educar os colaboradores sobre o assunto, o Ambulatório Médico de Especialidades (AME) Idoso Sudeste, unidade da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo gerida em parceria com a SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina, promoveu uma palestra com o tema “Violência contra o Idoso: por que notificar”, com o médico Nelson Cremonese, representante da Supervisão de Vigilância em Saúde Vila Mariana/Jabaquara da Secretaria de Saúde do Município de São Paulo.
A unidade preparou também materiais informativos para uso interno, abordando o tema que será trabalhado ao longo do mês em alguns grupos. “Campanhas de conscientização ajudam a alertar tanto colaboradores como a população sobre este assunto que é tão pouco discutido. Cabe à família, à sociedade e ao Estado garantir o bem-estar do idoso”, explica Marcia Maiumi Fukujima, diretora do AME.
Em parceria com o AME Idoso Oeste, que vai promover palestras com assistentes sociais e um defensor público, outros equipamentos estaduais especializados no atendimento ao idoso e a área técnica de saúde do idoso da Secretaria de Estado da Saúde, o AME Idoso Sudeste participou também da elaboração do I Seminário de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa – Quebrando o Ciclo do Silêncio. O evento aconteceu no dia 11 e abordou o papel do Estado, da família e da sociedade no tema.
A violência contra a pessoa idosa pode ser visível ou invisível e de diversos tipos:
- Física: uso da força física para obrigar os idosos a fazerem o que não desejam, ferindo-os, provocando-lhes dor, incapacidade ou morte.
- Psicológica/emocional: agressões verbais ou gestuais com o objetivo de aterrorizar os idosos, humilhá-los, restringir sua liberdade ou isolá-los do convívio social.
- Financeira/material: exploração imprópria ou ilegal dos idosos ou uso não consentido de seus recursos financeiros e patrimoniais.
- Sexual: ato ou jogo sexual homo ou heterorrelacional, utilizando pessoas idosas. Visa obter excitação, relação sexual ou práticas eróticas por meio de aliciamento, violência física ou ameaças.
- Negligência: recusa ou omissão de cuidados devidos e necessários aos idosos por parte dos responsáveis familiares ou institucionais.
- Autonegligência: conduta de uma pessoa idosa que ameace a sua própria saúde ou segurança, pela recusa ou pelo fracasso de prover a si próprio o cuidado adequado.
- Abandono: ausência ou deserção dos responsáveis governamentais, institucionais ou familiares de prestarem socorro a um idoso que necessite proteção.
A diretora do AME Idoso Sudeste lembra que os profissionais devem acolher as vítimas de violência e notificar a vigilância sanitária, para que diretrizes e políticas públicas possam ser desenvolvidas. “As vítimas sofrem muito para tomar a decisão de denunciar porque convivem com os agressores e têm medo de represálias ou piora da situação. Por isso, a atuação integrada de serviços de saúde com os de assistência social é importante”, explica Marcia Maiumi.
Denúncias
Através do Disque 100, a Secretaria de Direitos Humanos recebe queixas e monitora situações de maus-tratos aos idosos. Mas é preciso ressaltar que denúncias devem ser feitas também nas delegacias, para que medidas imediatas possam ser tomadas.