A mistura de vacinas contra a Covid-19 garante a imunização completa, ou pode até mesmo gerar uma resposta imunológica melhor que a criada nas pessoas que tomaram as duas primeiras doses do mesmo fabricante. É o que aponta um estudo realizado no Reino Unido, publicado na revista The Lancet.
Em vista disso, o Brasil está aplicando a terceira dose, ou dose de reforço, nos idosos, com a vacina disponível nos postos, ou seja, sem a necessidade de aplicação da mesma marca do imunizante utilizado nas duas primeiras doses. Em São Paulo, a prefeitura da capital autorizou ainda a mistura de vacinas na segunda dose, após estudos indicarem aumento de anticorpos e descartarem quaisquer riscos.
Quem tomou AstraZeneca na primeira dose, pode ser imunizado com a Pfizer na segunda como substituta, com a garantia científica de maior proteção contra a Covid-19. “A combinação gera mais anticorpos e aumento de linfócitos T (células que são importantes para resposta da imunidade celular) do que quando utilizado duas doses da AstraZeneca, sem aumentar o risco de eventos adversos”, afirma o infectologista Eduardo Medeiros, coordenador da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) Corporativa da SPDM – Instituições Afiliadas.
Além dos benefícios da intercambialidade, tal medida garante que a população tenha a imunização completa, o que é fundamental para a continuidade do enfrentamento da pandemia e controle da doença. Nesse quesito, a terceira dose também se faz importante, para que assim não haja novos casos nos grupos de risco, como idosos e imunossuprimidos, que apresentam menor resposta imunológica e diminuição dos anticorpos seis meses após a segunda dose. Além disso, esses protocolos ajudam a evitar o aparecimento de novas variantes do novo coronavírus.
“Para os imunossuprimidos, como transplantados, pessoas com doença oncológica, em uso de quimioterapia, e doenças reumáticas, em uso de imunomoduladores, é necessária uma terceira dose, 28 dias após a segunda. Para idosos, é necessário um reforço seis meses após a segunda dose”, ressalta Eduardo Medeiros.