Na ultima semana janeiro, a equipe de cirurgia vascular do Hospital São Paulo/SPDM, chefiada pelo Prof. José Carlos Baptista Silva, realizou o primeiro transplante de artéria para salvamento de membro isquêmico (membro sem circulação), no Brasil. O procedimento foi um sucesso: o paciente encontra-se em franca recuperação – sem dor, com boa cicatrização das ulcerações, coloração normal do membro atingido – e já consegue caminhar.
O doente, um homem de 56 anos, ex-fumante, com histórico de transplante renal e hipertenso, é portador de aterosclerose, com oclusão arterial crônica, que compromete a circulação dos membros inferiores. Mesmo sob tratamento, um trauma recente nos dedos do pé direito agravou a situação – fortes dores obrigavam o paciente a dormir com o pé pendurado para fora da cama, impedindo seu repouso.
Como a situação do paciente não permitia a adoção de medidas tradicionais, como a revascularização do membro isquêmico com veia do próprio paciente ou colocação de uma prótese sintética, o transplante da artéria de um doador falecido foi a solução encontrada para evitar a amputação do membro prejudicado.
O Sistema Estadual de Transplantes do Estado de São Paulo foi acionado e autorizou a retirada da artéria femoro poplíteo tibial posterior do membro inferior de um doador jovem falecido, que foi transplantada para o membro inferior direito do paciente. Segundo o Prof. José Carlos Baptista Silva, o risco de rejeição é praticamente nulo, especialmente nesse caso. “Além do risco de rejeição em transplante de tecidos ser historicamente baixo, nesse caso específico, o paciente está protegido graças ao uso imunossupressores desde o transplante de rim, há cerca de dois anos”.