Foi confirmado o primeiro caso de varíola dos macacos (monkeypox) no Brasil. O vírus foi sequenciado a partir das lesões de pele de um homem de 41 anos que viajou à Espanha e Portugal. Ele foi colocado em isolamento no Instituto de Infectologia Emílio Ribas, na capital paulista. Conversamos com o Prof. Eduardo A. Medeiros, médico infectologista, Professor da Unifesp e coordenador da CCIH corporativa dos Hospitais Afiliados da SPDM, para saber mais detalhes sobre a doença:
O que é a varíola dos macacos
A varíola dos macacos é uma doença infecciosa causada por um vírus. Foi descoberto em 1958 em macacos e em 1970 foi descrito o primeiro caso humano na República Democrática do Congo, na África. O vírus é do mesmo gênero da varíola humana.
A varíola dos macacos é uma doença endêmica em regiões de floresta da África Central e Ocidental. O surgimento de diversos casos na Europa e nos Estados Unidos da América tem sido um alerta para novos surtos comunitários entre humanos em diversas regiões do mundo.
Quais os sintomas da doença?
A doença tem um período de incubação de 5 a 21 dias. O paciente inicia com febre, calafrios, mal-estar, dor de cabeça, dor muscular e aumento de gânglios. A seguir, surgem lesões na pele semelhantes à catapora. Inicia com manchas vermelhas pequenas, que evoluem para lesões pápula (calombos), vesícula (bolha com fluido), pústula (lesão com pus) e crosta. Na maior parte dos casos, começa no rosto e se espalha pelo corpo. A taxa de letalidade é menor que 10%.
Como ocorre o contágio?
O vírus entra no corpo humano através das vias respiratórias, por gotículas eliminadas pela fala, tosse e espirro pela pessoa doente, e ainda, por contato com as lesões ativas ou membranas mucosas do paciente. Para que ocorra a transmissão, o indivíduo precisa estar próximo, pelo menos dois metros da pessoa doente para ser contaminada. A transmissão por gotículas no ambiente não parece ser importante na transmissão. No surto atual, a transmissão sexual também tem sido identificada. Além disso, a varíola pode ser transmitida, ainda, por mordida ou arranhão de um animal doente ou mesmo no preparo de um animal selvagem para alimentação. É pouco provável um aumento explosivo de casos, pois é uma doença com baixa taxa de transmissão.
A vacina contra a varíola comum também protege contra a varíola dos macacos?
Sim, estudos em surtos previamente descritos, a vacinação para a varíola protege em 85% dos casos.
Como podemos nos prevenir?
Medidas como higienização adequada das mãos antes e após o contato com um caso suspeito ou confirmado e uso de máscara, isolamento de contato e gotículas são muito importantes. Todo o paciente suspeito deve ser isolado na suspeita da infecção. No cenário atual, onde tem sido identificado diversos casos no mundo, é muito importante o rastreamento de contatos e isolamento dos contatos próximos, como domiciliares, por 21 dias, que é o tempo máximo do período de incubação. A vacinação contra a varíola nos contatos próximos também é uma estratégia de controle. Pessoas que moram ou viajam para países onde a varíola dos macacos é endêmica, principalmente países da África, devem evitar o contato com animais doentes e não devem comer animais de caça ou manusear animais selvagens.