Bebidas energéticas geralmente contêm altos níveis de açúcar e, no mínimo, mais cafeína que uma xícara de café. Porém, os fabricantes muitas vezes incrementam os efeitos de aumento de energia com uma mistura de outros ingredientes, que vão desde taurina e carnitina – um aminoácido natural – até o ginseng, erva chinesa normalmente usada na medicina alternativa. Mas, apesar dessa “mistura especial” de ingredientes, os estudos sugerem que bebidas energéticas não aumentam a atenção mais do que uma xícara de café.
Além disso, as bebidas que incluem certos aditivos, tais como aminoácidos e extratos de plantas, tendem a causar problemas mais graves do que aquelas que apenas incluem cafeína em pó. Os extratos podem conter cafeína adicional, que não é registrada no rótulo da bebida, além de compostos que ainda não foram bem estudados e podem estar causando efeitos desconhecidos adicionais, especialmente quando consumidos em conjunto com muitos outros aditivos e cafeína.
A maioria das pessoas não está ciente do potencial que as bebidas energéticas têm de efeitos secundários graves. Crianças e adultos com fatores de risco subjacentes (como problemas com convulsões, arritmia ou predisposição para pressão arterial elevada), bem como cuidadores dessas crianças, também devem saber os riscos e ser aconselhados a não consumir bebidas energéticas.
Por isso mesmo, as embalagens devem conter obrigatoriamente as seguintes advertências, em destaque e em negrito: “Crianças, gestantes, nutrizes, idosos e portadores de enfermidades: consultar o médico antes de consumir o produto” e “Não é recomendado o consumo com bebida alcoólica”.
Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o primeiro alerta se deve ao fato de o produto ter uma “elevada quantidade de cafeína em sua formulação”. Já a restrição à associação com álcool é feita porque o energético “pode potencializar os efeitos da bebida alcoólica e fazer com que o usuário tenha um julgamento errado sobre seu estado de embriaguez (tem a percepção de que não está bêbado, mas os efeitos deletérios do consumo de álcool sobre a coordenação motora continuam)”.
Mais vulneráveis
Existe um consenso entre os profissionais de saúde sobre o uso indiscriminado de energéticos sem que se saiba dos riscos, pois acredita-se que as pessoas não costumam ler os rótulos e, se não houvesse nenhum tipo de perigo, não constariam advertências nas embalagens dos produtos. O risco maior está na dose, principalmente para quem tem sensibilidade à cafeína, predisposição para arritmia ou faz parte do grupo citado nas embalagens (crianças, idosos, nutrizes, grávidas, com problemas de saúde) – por isso, os profissionais alertam para que as pessoas estejam atentas a sinais de maior sensibilidade, como palidez, aceleração do coração e aumento da pressão. A intoxicação por cafeína é manifestada pela presença de ansiedade, insônia, desconforto no estômago, tremores, taquicardia e agitação. Além disso, raros casos de morte foram descritos na Austrália, na Irlanda e na Suécia.
A mistura de uísque com energético faz mal à saúde?
Vamos responder a essa questão com outra pergunta: por que será que todo energético possui na embalagem a orientação para evitar o seu consumo com qualquer tipo de bebida alcoólica?
Alguns dados para ajudar na resposta:
1) Apesar de muitas pessoas pensarem que o álcool é estimulante, na verdade se trata de um depressor do sistema nervoso central. A aparente estimulação inicial que ocorre em pequenas doses é oriunda da depressão no cérebro dos mecanismos naturais desencadeadores da inibição. Consequentemente, ingerir álcool em excesso (depressor do sistema nervoso central) e cafeína em excesso (estimulante do sistema nervoso central) propicia no cérebro um efeito antagônico. Um estimula, o outro deprime.
2) Cafeína e álcool combinam efeitos que aceleram a perda de água (e, consequentemente, a de eletrólitos).
3) A cafeína presente no energético potencializa o efeito negativo do álcool no cérebro. A cafeína acelera a morte de células cerebrais, causada principalmente pelo álcool, o que pode levar ao envelhecimento precoce e a doenças como mal de Alzheimer e de Parkinson.
O álcool é um dos grandes responsáveis pela chamada morte celular programada, também conhecida como apoptose. Trata-se de um processo lento de morte de células que acontece com a presença de um estímulo agressor, como o etanol (álcool). E esse efeito aumenta na presença da cafeína.
Segundo pesquisas as células cerebrais morrem naturalmente em decorrência do envelhecimento. Porém, quando o consumo de bebida alcoólica é exagerado, essa mortalidade aumenta em 50%. Esse índice é ainda maior quando o álcool é associado à cafeína, chegando a 80%.
4) O energético mascara o efeito depressivo do álcool, favorecendo a superdosagem. O indivíduo pode se encaminharpara o coma alcoólico muito rapidamente e sem perceber – o que pode resultar até em óbito.
É preciso lembrar que o preço pode ser alto demais e, já que o uso é prática comum e permitido, por enquanto não há outro jeito: quem deve ficar alerta e moderar na dose é o consumidor! Por isso, listamos algumas alternativas para manter o pique e a disposição durante o dia sem precisar abusar do consumo de bebidas energéticas.
– Mexa-se
Não é do tipo que faz exercícios matinais? Talvez seja o caso de rever seu conceito de exercício. Segundo um estudo da Universidade da Geórgia, nos Estados Unidos, pessoas que fazem atividade aeróbica de baixa intensidade (como um passeio) três vezes por semana têm uma redução significativa nos níveis de fadiga, maior que a das pessoas que fazem exercícios intensos (como uma caminhada rápida em terreno inclinado) pelo mesmo tempo.
Se você geralmente fica se arrastando pela manhã ou está exausto a maior parte do tempo, um exercício pesado pode ser mais desgastante que revigorante.
– Coma mais no desjejum
O café da manhã é importante. Se você come apenas um pão e um café, vai obter um estimulante rápido da cafeína e energia rápida dos carboidratos, mas esta é uma receita que também pode dar errado rápido. Experimente uma mistura de carboidratos não refinados (para lhe dar energia), além de proteínas e gorduras saudáveis (que levam mais tempo para digerir, mantendo um nível estável de energia). Por exemplo, ovos mexidos com uma tortilha de farinha integral, ou aveia com nozes.
– Mantenha o ânimo durante a tarde
Se você se sente sem energia entre as 14h e as 16h, então é oficial: você é humano. O pico hormonal da manhã está acabando e muitas pessoas, depois de um almoço satisfatório, se sentem sonolentas durante o resto da tarde, causas comuns de uma baixa no ânimo. Comer de forma estratégica e um pouco de movimento vão ajudar.
– Tome seu multivitamínico no almoço
Além de tomar seu multivitamínico no almoço, considere a adição do complexo B para um ânimo extra. As vitaminas dão um impulso à energia, assim como o café ou o refrigerante. Mas você ainda precisa comer bem e de forma balanceada.
– Não tema os carboidratos
Salada verde com frango é ótimo, mas nada de carboidratos significa nada de energia. Coma também um pedaço de fruta ou então acrescente feijãopreto para ter carboidratos e proteína.
Evite alimentos muito ricos em gordura, para não sofrer o efeito X-burguer: a soneira que vem depois de um almoço muito gordo. Um almoço cheio de gordura significa sangue mais denso e com menos oxigênio.
– Saia um pouco do seu ambiente de trabalho
Se você é um dos 34% de empregados que almoçam na sua mesa de trabalho, uma sugestão: a luz do sol aumenta o nível de vitamina D. Pesquisas sugerem que, em quantias apropriadas, ela ajuda a manter os níveis de energia. Alguns especialistas suspeitam que a vitamina D ajude a regular o metabolismo e a secreção de insulina – ambos fatores que têm um impacto na energia.
– Renda-se ao lanchinho
Um pouco de proteínas e fibras ajuda o acréscimo de açúcar no sangue a durar mais. Experimente a mistura de nozes, cereais ricos em fibras, sementes de linhaça, coco e pedaços de chocolate amargo.
– O vinho para relaxar deve vir antes…
Nas horas que precedem o sono, é melhor evitar o álcool – ele causa um sono agitado, que resulta em menos energia e menos foco no dia seguinte.
– Compreendendo a fome noturna
Normalmente, ela significa que você está sonolento, e não com fome. Você está mantendo o cérebro acordado por muito tempo e ele precisa de glucose para continuar funcionando.
Se quiser se manter acordado, faça um lanche leve e fácil de digerir, como meio iogurte grego com frutas ou um chocolate quente feito com leite de amêndoas e chocolate amargo, pelo menos uma hora antes de dormir.
E, para ter uma manhã cheia de energia, todos os especialistas concordam que a melhor solução é uma boa noite de sono.
Daniela Carvalho, nutricionista das Unidades Afiliadas da SPDM