De acordo com levantamento realizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 1 milhão de novos casos de infecções sexualmente transmissíveis (IST) curáveis acometem pessoas de 15 a 49 anos todos os dias. Este número equivale a mais de 376 milhões de casos novos anuais das infecções clamídia, gonorreia, tricomoníase e sífilis. Diante deste quadro, a SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina faz alerta à população quanto aos cuidados e prevenção para estas doenças. De acordo como urologista Vinicius Meneguette, do Serviço de Urologia do Hospital Estadual de Transplantes Euryclides de Jesus Zerbini, em São Paulo, a melhor maneira de evitar as ISTs é adotar práticas de sexo seguro, principalmente o uso de preservativos.
“Parece ultrapassado falar sobre uso de preservativos em pleno século XXI, mas devemos salientar que pesquisas recentes mostram que este tema precisa de maior discussão. Uma delas, realizada em 2017 pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), aponta que apenas 31% de dois mil homens ouvidos entre os 15 e 25 anos, em 10 capitais brasileiras (Belém, Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Goiânia, Porto Alegre, Recife, Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo) usam preservativos. Outra, feita pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças de Atlanta, nos Estados Unidos, e veiculada pela publicação científica The Journal of Sexual Medicine, mostra dados alarmantes, apontando que apenas em 25% dos adultos entrevistados entre 2006 e 2013 usa camisinha de maneira regular e correta”, explica.
Além do contágio por relação sexual, há a possibilidade de transmissão de algumas das ISTs diretamente da mãe para o feto durante a gestação, chamadas de infecções congênitas. Sobre estas, podemos elencar como as principais a sífilis, HIV/AIDS e as hepatites virais. A sífilis é apontada como causa importante de malformações e morbidades aos nascidos vivos. Segundo o Ministério da Saúde, em 2017 foram registrados mais de 24 mil casos de sífilis congênita no Brasil, número que mostra aumento de quase 15% quando comparado ao ano anterior. Quando não identificada e tradada, leva o feto à morte em até 40% dos casos. A estimativa mundial para sífilis congênita gira em torno de 473 casos por 100.000 nascidos vivos.
Para que o uso de preservativos seja eficaz, é imprescindível a educação da população. “Uma boa orientação aos jovens gira em torno de diálogo aberto e sincero, oferecendo orientações e quebrando o tabu de conversar sobre sexualidade. Além de prevenir ISTs, o uso de preservativos também atua como método contraceptivo seguro e colabora para evitar o risco de gravidez na adolescência”, indica Meneguette.
Outra orientação fundamental é quanto ao acesso e uso de vacinas disponíveis para algumas das ISTs. Hoje no calendário vacinal temos a prevenção das infecções causadas pelo vírus HPV (que causam principalmente verrugas genitais e câncer de pênis, canal anal e colo uterino). Disponível no SUS desde 2013, a vacina apresenta cobertura no Brasil para jovens entre 9 e 14 anos. No caso das meninas, protege ainda contra o câncer de colo de útero. Segundo pesquisa do Ministério da Saúde, o HPV é doença frequente, chegando a acometer 54% da população entre 16 e 25 anos.