As altas temperaturas do verão fazem com que as pessoas estejam sempre buscando um lugar para se refrescar, seja nas praias, piscinas, cachoeiras e até represas. Mas o aumento no número de frequentadores desses locais traz também uma preocupação: o aumento no número de mortes por afogamento.
De acordo com dados do Sistema de Informações de Mortalidade do Datasus, em 2017 foram registrados 4889 mortes por afogamento no Brasil, sendo 30% na região Sudeste, que perde apenas para a região Nordeste com 32%.
O médico Coordenador do SAMU do Alto do Vale do Paraíba, Fernando Fonseca da Costa, faz um alerta e explica como é importante sempre respeitar a sinalização do local e a orientação dos profissionais de prevenção, como os bombeiros. “Os banhistas precisam tornar hábito frequentar locais supervisionados por equipes de salva-vidas e nunca se aventurar em lugares desconhecidos, especialmente sozinhos ou sob efeito de bebida alcoólica ou drogas”, diz.
O principal problema do consumo de bebida alcoólica, explica o médico, é a perda de percepção do perigo, tornando o indivíduo muito mais vulnerável aos riscos de um ambiente aquático.
As crianças demandam um cuidado ainda maior. De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático, em 2016 o afogamento foi a 2ª causa de óbito entre crianças de um a quatro anos. Preferencialmente, os pequenos devem usar boias sempre e não frequentar locais em que possam ficar submersos. Vale a ressalva: água no umbigo, sinal de perigo. “Além disso, também é importante que um adulto esteja cuidando da criança o tempo todo, mesmo com a boia”, salienta Fernando Fonseca.
Para os que gostam de frequentar cachoeiras e rios, o especialista chama a atenção para o fato de que chuvas fortes podem causar a rápida elevação do nível da água por enxurrada. Por isso, é importante sempre verificar a previsão do tempo e, caso haja uma mudança repentina enquanto estiver na água, a pessoa deve sair imediatamente. A Defesa Civil do estado de São Paulo disponibiliza inclusive um serviço gratuito que alerta sobre chuvas fortes via SMS. Basta cadastrar o número de celular enviando o CEP do endereço para o número 40199.
O médico ainda orienta que, ao avistar alguém se afogando, as pessoas não tentem entrar na água se não tiverem o treinamento adequado. “O treinamento para socorro aquático requer preparo físico com grande habilidade em natação. Mesmo que a pessoa saiba nadar bem, pode colocar em risco a própria vida e eliminar qualquer chance de salvamento, multiplicando ainda o problema por dois”, ressalta Fonseca.
O que é possível fazer é jogar algum objeto para a vítima se apoiar, como boia, colete salva-vidas, tábuas, bola de futebol ou até um pneu, e então rebocar a pessoa com algo que possa puxá-la, como uma corda. Mas o ideal é sempre acionar o Corpo de Bombeiros (193) ou o SAMU (192) e aguardar os salva-vidas chegarem ao local.
Na área de abrangência do SAMU do Alto do Vale do Paraíba, que inclui os municípios de São José dos Campos, Caçapava, Jacareí e Jambeiro, há uma média anual de 25 mortes por afogamento, principalmente no período de altas temperaturas.