Dados do Ministério da Saúde mostram que, até o dia 13 de abril de 2019, foram registrados 451.685 casos prováveis de dengue, representando um aumento de 339,9% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram registrados 102.681 casos. O número de óbitos pela doença também cresceu, passando de 66 para 123 mortes, um aumento de 186,3%. A maioria dos casos está concentrada na região Sudeste, principalmente em São Paulo e Minas Gerais.
O levantamento do Ministério indica também que 994 municípios apresentam alto índice de infestação, com risco de surto para as doenças dengue, zika e chikungunya, todas causadas pelo mosquito Aedes aegypti.
O infectologista e Coordenador da Clínica Médica do Hospital Municipal Vereador José Storopolli, Rafael Pardo, explica que o cenário atual pode ser considerado um quadro de epidemia e que o aumento no número de casos se deve a diversos fatores. “Um destes é a sazonalidade com que cada sorotipo do vírus aparece. A cada 2 a 4 anos, um sorotipo se torna dominante no quesito de prevalência. Por isso, um dos motivos para o aumento no número de casos se deve ao fato de em séries anteriores os pacientes terem sido infectados por um determinado sorotipo (1, 2, 3 ou 4) e neste ano por um sorotipo diferente daquele que já gerou a infecção previamente”.
O especialista explica ainda que outros fatores são o aumento das temperaturas, aumento das chuvas e a diminuição dos cuidados com a prevenção por parte da população, gerado pela queda no número de casos em anos anteriores, o que pode ter ocasionado uma despreocupação com a doença.
Dengue, zika e chikungunya
A dengue, a zika e a chikungunya são doenças muito semelhantes, sendo diferenciadas por sintomas-chave, conforme explica o infectologista.
– Dengue: caracteriza-se por dores pelo corpo, quadro de febre elevada, dores de cabeça intensas e com prevalência atrás dos olhos, problemas de estômago, diarreia e vômitos. Além disso, pode apresentar sangramento nasal e das gengivas, adiamento ou aumento do fluxo menstrual em mulheres e, em casos graves, dores no abdômen e queda de pressão arterial.
– Zika: é a doença com menor sintomatologia para pessoas que não estão gestantes. Ela se caracteriza por um quadro de febre leve e discreto, poucas dores pelo corpo e vermelhidão, com coceira intensa. Em gestantes pode gerar malformações fetais.
– Chikungunya: é caracterizada por fortes dores nas articulações, que geralmente se dão bilateralmente. Não apresenta sintomas de sangramento e raramente apresenta febre elevada e vermelhidão pelo corpo.
O tratamento das três doenças é sintomático. Caso identifiquem os sintomas descritos, os pacientes devem procurar imediatamente os serviços de Unidades Básicas de Saúde ou prontos-socorros, onde serão medicados com antitérmicos e analgésicos. “É preciso lembrar que o uso de anti-inflamatórios não é indicado pois pode gerar sangramentos em caso de dengue e evoluir a doença para um quadro de dengue grave ou hemorrágica. Até ser feito o diagnóstico é desaconselhado o uso de anti-inflamatórios”, ressalta Rafael.
Cuidados imprescindíveis
A principal medida de prevenção da dengue é evitar os criadouros. O levantamento do Ministério da Saúde indica que o armazenamento de água em tonéis ou barris foi o principal tipo de criadouro encontrado no país, seguido dos depósitos móveis, como vasos/frascos com água, pratos e garrafas retornáveis. Por último, a pesquisa também encontrou criadouros em depósitos encontrados no lixo, como recipientes plásticos, garrafas PET, latas, sucatas e entulhos de construção.
Por isso, nunca é demais lembrar da importância de medidas simples que fazem toda a diferença.
– Evite deixar garrafas, latas e pneus em locais que possam acumular água da chuva.
– Não deixe pratinhos debaixo dos vasos de planta ou, se não for possível, lembre-se de colocar areia nos mesmos.
– Não joque lixo nas ruas, terrenos baldios e praças. Esse lixo pode se tornar reservatório de proliferação da doença.
“Atualmente está em fase de desenvolvimento e teste a vacina para a dengue. Esperamos que em breve a mesma já possa ser aplicada em larga escala na população em geral, para que possamos nos proteger da agenda da dengue”, completa o infectologista.