O americano Michael Phelps até já ganhou medalha de ouro em sua estreia na piscina dos Jogos Olímpicos do Rio 2016, mas, este ano, não é só o talento de Phelps que está chamando a atenção de quem assiste às competições.
O atleta apareceu com círculos vermelhos no ombro e nas costas e muitos se perguntaram se ele estaria machucado. No entanto, as marcas não são exclusividade do nadador e também foram vistas em atletas americanos da ginástica. Não se trata de nenhum machucado, mas sim de uma técnica chinesa milenar chamada ventosaterapia (em inglês é conhecida como “cupping”).
Michael Phelps Instagram
A imagem pode até ser aflitiva, mas os atletas aprovam a técnica. “Eles fazem muito esforço, o que faz com que o sangue não circule direito às vezes, provocando dor e contratura muscular. Com a aplicação da ventosa, conseguimos estimular o fluxo sanguíneo, consequentemente o corpo fica mais relaxado e a dor é reduzida”, explica o médico acupunturista do Hospital São Paulo Ysao Yamamura, chefe do Setor de Medicina Chinesa-Acupuntura da Unifesp.
A prática consiste basicamente na aplicação de ventosas pelo corpo. Um líquido inflamável é aceso dentro de recipientes de vidro que são colocados sobre a pele. Quando a chama se apaga, é formado um vácuo dentro do copo, provocando uma pressão negativa e “puxando” a pele para cima. Além do fogo, também pode ser usada uma seringa para tirar o ar de dentro do copo e criar vácuo. Yamamura explica que um dos recursos que podem ser utilizados é fazer uma pequena sangria no local, um corte na pele, e então aplicar a ventosa, dessa maneira a técnica se torna mais eficaz porque o sangue e a energia circulam melhor. Antes dos copos de vidro, os chineses utilizavam o bambu no procedimento.
Mas não são só os atletas que fazem uso da ventosaterapia, celebridades como Jennifer Aniston e Gwyneth Paltrow também adotaram a técnica. Fora do mundo do esporte, a prática, que é uma forma de acupuntura, não é tão corriqueira, mas pode ser indicada para pacientes com dores nas costas e tensão muscular. “Se a ventosa for feita junto com a sangria, a técnica é contra-indicada para pessoas que têm dificuldade de estancar o sangue, pacientes com doenças relacionadas às plaquetas”, destaca o especialista.
De acordo com Ysao Yamamura, as manchas demoram de duas a três semanas para desaparecer. “É o tempo que o corpo demora para absorver o sangue, mas, se for feita a sangria com uma agulha, o sangue vai sair e a mancha será menos evidente”, explica o acupunturista. A técnica utilizada por Michael Phelps, por exemplo, não inclui a sangria.
É um procedimento simples que pode ser feito no consultório ou no pronto-atendimento de um hospital e o médico garante: não dói. Pode ser feito a cada semana, a cada 15 dias ou quando a pessoa apresenta uma dor aguda.
O Hospital São Paulo oferece o serviço para pacientes que chegam com indicação médica de acupuntura, a equipe avalia caso a caso para verificar se vão utilizar a acupuntura tradicional com agulhas ou a ventosaterapia.