O responsável pelo nosso crescimento é o hormônio GH, produzido na hipófise, uma glândula localizada no cérebro. Funciona assim: o GH viaja através do sangue carregando informações sobre o crescimento. Quando a mensagem chega no fígado, outro hormônio passa a ser responsável por ela, o IGF-1.
“Nas cartilagens de crescimento, que se localizam nas ‘pontas’ dos ossos, essas informações (tanto do GH quanto do IGF-1) são decodificadas e a cartilagem reconhece o recado como uma ordem de serviço. Assim as cartilagens começam a se proliferar, crescer e formar mais osso, gerando nosso crescimento de altura”, ensina Ricardo Schinzari, endocrinologista pediátrico do Ambulatório Médico de Especialidades (AME) Taboão da Serra.
A hipófise trabalha noite e dia para produzir o GH, mas é no período da noite, mais especificamente durante o sono, que os picos maiores e mais frequentes da liberação de GH acontecem, e por isso é que o sono de crianças e adolescentes é tão importante. Além do sono, exercícios e atividades físicas estimulam os hormônios.
Esse processo dura, em média, 16 anos para os meninos e 14 para as meninas, idades em que a cartilagem de crescimento se “fecha”, pois é totalmente substituída por osso, e o crescimento em si acaba. Porém, esse tempo pode variar.
Quando crescemos mais?
A primeira fase de maior crescimento ocorre entre o nascimento e os quatro anos de idade, período em que a criança cresce em média 25 centímetros por ano, reduzindo gradativamente até os quatro anos, e fica estável em 5,5 centímetros ao ano até o estirão.
Esse nome batiza o segundo período de maior crescimento, correspondente a aproximadamente 20% da altura final do indivíduo e que dura cerca de dois a três anos. O estirão também serve para marcar a adolescência, que ocorre entre 11-12 anos para as meninas, com um crescimento médio de nove centímetros por ano, e entre 13-14 anos para os meninos, com crescimento de cerca de 11 centímetros por ano.
“No estirão, além de maiores níveis de hormônio de crescimento, existe também elevação dos hormônios gonadais (estrógeno na menina e testosterona no menino), que aumentam a ação do GH no corpo. Nesse período é comum a troca de número de calçado e roupas. Esse período, nas meninas, ocorre próximo do início de aparecimento das mamas e, nos meninos, após o aparecimento de pelos pubianos”, explica o endocrinologista.
Sinais de alerta
Os pais devem acompanhar atentamente o crescimento do filho a fim de detectar problemas em tempo. Na primeira infância, o pediatra realiza a medição nas consultas regulares, marcando a altura na caderneta de saúde da criança e comparando as curvas de crescimento.
Os pais podem manter um parâmetro na comparação com colegas de escola. Se a altura do filho for muito diferente dos demais colegas, é bom levar a um endocrinologista infantil. E se tratando de crescimento, quanto mais tarde o diagnóstico de problemas, mais difícil fica de tratar.
Tanto a falta quanto o excesso de hormônios podem causar interferência no crescimento. Outros fatores também interferem no processo, como doenças crônicas – subnutrição, doenças pulmonares, etc. –, síndromes genéticas e estatura dos pais.
Tanto a baixa estatura quanto o crescimento em excesso podem ser tratados pelo endocrinologista, mas não adianta achar que conseguirá ser um pouquinho maior para ser mais popular: “é consenso mundial que não se deve utilizar o hormônio de crescimento sintético em casos que não apresentem problemas relacionados ao GH. O hormônio, apesar de seguro, em casos em que o paciente não tem a necessidade de sua reposição pode causar efeitos indesejáveis, como intolerância à glicose, pseudotumor intracerebral, risco cardíaco, entre outros”, explica Ricardo Schinzari.
A dor do crescimento
A dor do crescimento é um queixa frequente na fase de desenvolvimento e ocorre geralmente entre três e dez anos de idade, não correspondendo ao período de maior crescimento de estatura propriamente dito.
“Não tem causa definida, sendo as mais prováveis as causas emocionais e o crescimento desigual de músculos, tendões e ossos, ocorrendo mais ao fim da tarde”, conta o endocrinologista.
Essa dor tem características musculares, geralmente em membros inferiores (mais comum em panturrilhas), podendo aparecer por dias seguidos e até pode ser intensa, mas não apresenta limitação ao andar ou correr, nem inchaço de articulações, hematomas, vermelhidão ou calor e não dura mais que algumas horas. Na maioria dos casos, o exame clínico é o suficiente para diagnóstico, não sendo necessários exames invasivos ou radiografias para tal.