Quando uma criança pequena interage com um filhote de cachorro, não é só uma brincadeira fofa que está acontecendo ali. É muito mais que um momento de entretenimento e prazer, que horas de diversão tanto para os pequenos quanto para os adultos espectadores.
Uma criança, por volta de seus quatro anos, quando brinca com um animal de estimação, está aprendendo a ser uma pessoa mais bem resolvida: alguém que consegue enxergar e reconhecer a existência do outro, o espaço do outro; está aprendendo a respeitar e ser respeitado; está desenvolvendo sentimentos de afeto, lealdade, carinho, cumplicidade e amor. Além disso, e tão importante quanto, está criando anticorpos que vai protegê-la de doenças contagiosas.
“Estudos comprovam que crianças que têm contato desde pequenas com animais têm menos risco de desenvolver alergias”, afirma a pediatra Ana Carolina Sato, do Programa Saúde no Esporte da SPDM.
Todo o desenvolvimento das crianças é beneficiado com o contato com pets durante a infância. “É um papel interessante o que esse relacionamento tem, o desenvolvimento da criança que tem a companhia de um bichinho ocorre bem mais rápido”, afirma a pediatra.
É claro que alguns cuidados têm que ser tomados. Por exemplo: crianças com menos de três anos não têm ainda noção de sua força, da reação do animal, e seus movimentos podem ser bruscos, com brincadeiras brutas. Isso pode gerar no animal uma reação inesperada, como uma mordida ou arranhão mais forte. Para evitar esse tipo de situação, é importante que as brincadeiras sejam monitoradas por adultos.
Responsabilidades
Para meninas a partir dos 12 anos e meninos a partir dos 14, a responsabilidade pelo animal pode aumentar: eles podem assumir mais cuidados dos bichinhos, como trocar ração e água e passear. Isso dá uma noção diferente para esses pequenos que estão chegando na adolescência: o olhar sobre o mundo muda quando tem alguém que depende de você.
Os benefícios diretos dessa amizade entre crianças e bichos de estimação são muitos e significativos: a autoestima e a autoimagem ficam fortalecidas, pois o carinho é verdadeiro e desinteressado.
Mesmo para filho único, a característica da generosidade, como oposto de egoísmo, é desenvolvida, pois aprende a ver o lado do outro, e a querer dividir com eles os segredos, os momentos felizes, os brinquedos.
A confiança e a autonomia são desenvolvidas também por quem cresce ao lado de um cão ou gato, além de vínculo afetivo e jogo de cintura para lidar com diversos tipos de sentimentos, como frustração, alegria e até a morte. Sim, essa preciosa lição de vida e morte encontra um espaço delicado e generoso nesse convívio, e a criança aprende a lidar com a perda e com a dor.
Saúde
O convívio com animais ajuda a melhorar a saúde das pessoas. E não estamos falando só dos anticorpos que nosso organismo cria na presença deles. As brincadeiras, os passeios, as atividades ao ar livre com o animal requerem exercícios físicos, e exercício é saúde.
Estudos mostram que conversar e brincar com animais ajuda a diminuir o estresse, como uma terapia. Só a festa que se encontra diariamente quando chega em casa já é um banho de ânimo para ninguém botar defeito. Essa sensação de alegria que a interação com animais nos dá libera endorfina ao cérebro, hormônio responsável pela sensação de bem-estar, além de ajudar no controle da pressão sanguínea e no sono.
Gatos, peixes e tartaruga também
Quem acha que estamos falando só de cachorro está redondamente enganado. “Isso vale igual para qualquer bicho. Pode ser gato, peixe, tartaruga. Qualquer um”, esclarece a pediatra.
O segredo está na hora de escolher o novo membro da família. “O ideal é que se consulte um veterinário de confiança, e que se procure um bicho com temperamento parecido ao da criança – um animal calmo para uma criança mais tranquila, por exemplo”, explica Ana Carolina.
Além disso, tem que ser adequado ao ambiente onde vai morar. Um animal enorme em um local pequeno é algo totalmente inadequado.
Cuidados
É importante levar em conta que ter um animal de estimação é uma responsabilidade. Ele vai precisar de cuidados diários, como água limpa sempre disponível, comida apropriada, lugar para fazer suas necessidades ou passear.
Além disso, eles podem transmitir doenças e, por isso, são importantíssimas a vacinação e a vermifugação anual, consultas veterinárias periódicas e banhos frequentes.