O dia 12 de junho pode ser considerado um dia para lembrar-se do coração. E não só porque celebramos nesta data o Dia dos Namorados, mas também porque é o Dia de Conscientização da Cardiopatia Congênita. Você sabe o que é isso?
Cardiopatia congênita é qualquer doença do coração presente ao nascimento, causada por alteração no seu formato ou na sua função. É uma das malformações mais comuns, sendo a terceira causa de morte infantil no período neonatal (primeiro mês de vida). Ela tem origem no desenvolvimento embrionário do sistema cardiovascular até a 8ª semana de gestação e pode ser diagnosticada na vida intrauterina, através do ecocardiograma fetal, a partir da 16ª semana de gestação.
Não se sabe, até o momento, quais são as reais causas das cardiopatias congênitas, mas podemos determinar alguns fatores de risco, entre eles:
- Idade materna avançada (mulheres acima de 35 anos).
- Casos em que a mãe é portadora de doenças como diabetes ou lúpus.
- Parente de 1º grau com cardiopatia congênita.
- Alterações no ultrassom morfológico, como a presença de outras malformações ou suspeitas de síndromes genéticas.
- Uso de álcool, drogas e determinados medicamentos durante a gravidez.
- Infecções maternas no período gestacional.
- Gestações múltiplas e fertilização in vitro.
No Brasil, nascem em torno de 28 mil bebês com cardiopatia congênita todo ano, porém 80% deles não têm acesso ao tratamento. Um terço dessas crianças precisa de tratamento assim que nasce. Segundo dados da American Heart Association (Associação Americana do Coração), as malformações cardíacas congênitas podem afetar uma em cada 100 crianças. No mundo, 130 milhões de crianças sofrem com a doença.
Há vários tipos de cardiopatias congênitas e cada uma tem a sua forma de se manifestar. Os principais sinais e sintomas são: sopro cardíaco, cianose (cor azulada de pele e mucosas), cansaço ao fazer esforço, baixo ganho de peso, infecções respiratórias de repetição, arritmia (palpitação) e síncopes (desmaios). Esses sintomas podem aparecer em qualquer etapa da vida, do nascimento até a fase adulta.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico pode ser feito antes mesmo de o bebê nascer, com a suspeita pelo ultrassom morfológico e confirmado pelo ecocardiograma fetal. Mas, na grande maioria das vezes, a doença ainda é diagnosticada após o nascimento, após serem identificadas alterações no Teste do Coraçãozinho na maternidade, com confirmação por outros exames, entre eles o eletrocardiograma, o Holter, a radiografia de tórax, a angiotomografia, o cateterismo cardíaco e, principalmente, pelo ecocardiograma (ultrassom do coração), método não invasivo e de relativo baixo custo.
O tratamento varia de acordo com o tipo e a gravidade da cardiopatia. Há crianças que evoluem para cura espontânea com o crescimento e desenvolvimento, outras necessitam de tratamento medicamentoso e uma grande parcela precisará de cirurgia ou de cateterismo. O tratamento ideal para esses pacientes deve incluir um acompanhamento multidisciplinar, incluindo psicólogo, nutricionista, enfermeiro, cardiologista pediátrico, ecocardiografista, cirurgião cardíaco, entre outros.
Cada paciente com cardiopatia congênita deve ser tratado de forma individualizada, levando-se em conta o paciente, sua família, a cardiopatia e os melhores métodos terapêuticos disponíveis. O importante é que o diagnóstico seja feito o mais breve possível para que a criança possa ser tratada adequadamente e leve uma vida normal.
*Juliano da Silva Cordeiro, cardiologista pediátrico do Hospital Municipal Dr. José de Carvalho Florence, administrado em parceria com a Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM).