Neste dia 10 de novembro é celebrado o Dia Nacional de Combate e Prevenção à Surdez. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), pelo menos 800 milhões de pessoas sofrem alguma perda auditiva no mundo. Ao contrário do que muita gente pensa, a perda auditiva não acontece apenas com as pessoas mais idosas. Segundo a Sociedade Brasileira de Otologia, mais de 15 milhões de brasileiros têm problemas auditivos e de cada mil crianças nascidas, de três a cinco nascem com alguma deficiência auditiva.
São vários os fatores relacionados à perda auditiva. “Os mais freqüentes estão ligados ao organismo do próprio paciente, como predisposições genéticas, o envelhecimento, perdas secundárias e doenças crônicas, como diabetes, hipertensão, doenças renais, entre outros”, explica Luiz Cesar Iha, otorrinolaringologista do Hospital Geral de Pirajussara, unidade da Secretaria de Estado da Saúde, administrada em parceria com a Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM). Além disso, o especialista lembra que causas externas também podem levar a diminuição da audição, como infecções locais e exposição a ruídos.
A chamada poluição sonora é um dos maiores problemas de grandes centros urbanos. Mesmo que ela não se acumule no meio ambiente, como a poluição do ar, ela pode causar danos à saúde e prejudicar a qualidade de vida. “A presença de máquinas no nosso cotidiano muitas vezes torna as ruas e os ambientes de trabalho locais de exposição à intensidade sonora excessiva. Avenidas com tráfego intenso, indústrias e áreas de construção podem ter uma quantidade de energia sonora prejudicial à saúde auditiva, o que faz com que trabalhadores destes locais normalmente necessitem de equipamentos de proteção individual para evitar danos”, explica Iha.
Os riscos existem quando ficamos muito próximos a fontes sonoras intensas, como em shows ou até mesmo com o uso de fones de ouvido com volume muito alto. De acordo com o otorrino, toda a potência do fone fica concentrada na direção do nosso ouvido, fazendo com que pequenos incrementos no volume do fone traduzam-se em grande aumento na quantidade de energia encaminhada ao nosso sistema auditivo.
Como se prevenir?
Mas qual é o limite para que o som não prejudique nossa audição? Em ambientes de trabalho, a legislação brasileira estabelece que uma pessoa não deve ficar exposta a ruídos de 85 decibéis por mais de 8 horas diárias. O especialista explica que essa intensidade sonora equivale ao que, aproximadamente, encontramos em uma avenida de tráfego intenso, ou seja, essa pressão sonora é facilmente superada em áreas de construção civil e shows. “Por isso, nesses casos é preciso usar algum tipo de proteção ou diminuir o tempo de exposição à fonte sonora”, destaca.
Para ter uma ideia melhor, um latido de cachorro ou o simples barulho do secador de cabelo têm mais de 90 decibéis. De acordo com especialistas, o fone de ouvido deve ser usado com o volume até a metade do máximo para evitar prejuízos futuros à audição.
Existem formas de se cuidar e prevenir a surdez, uma delas é exigir o teste da orelhinha no bebê, que deve ser feito preferencialmente nos primeiros dias de vida e é obrigatório por lei. “O teste da orelhinha é de enorme importância para o diagnóstico precoce de perdas auditivas congênitas. Mas, isso não exime a família e os pediatras da observação atenta do desenvolvimento auditivo da criança e da sua atenção aos estímulos sonoros, por exemplo, quando a criança percebe a voz e sons ao seu redor, procura pela fonte sonora, começa a vocalizar e falar as primeiras palavras”, diz o médico.
O cotonete também requer cuidados, pois o mau uso pode machucar a membrana timpânica e levar a perda auditiva irreversível. O otorrinolaringologista aconselha evitar usar o cotonete dentro do conduto auditivo e utilizar apenas a toalha ou papel higiênico para limpar as orelhas. “Se a pessoa quiser continuar usando hastes flexíveis, deve utilizar apenas na parte externa da orelha, evitando o risco de traumatizar as estruturas mais internas”, lembra ele.
Luiz Cesar Iha dá algumas dicas simples que podem te ajudar a manter uma audição saudável, confira:
– Evite exposição a ruídos excessivos. Caso isso não seja possível, use proteção ou minimize o tempo de exposição.
– Em caso de qualquer alteração ou suspeita de perda auditiva, procure um otorrinolaringologista.
– Alimente-se bem e cuide do seu corpo para envelhecer com saúde, mantendo assim o bom funcionamento do organismo.
– Cuide de doenças crônicas, já que elas, assim como predisposições genéticas, estão dentre os fatores relacionados à perda auditiva.