Apenas no Brasil, 1.649.008 pessoas foram infectadas com o vírus da dengue, e 863 morreram em decorrência da doença em 2015, segundo o Ministério da Saúde. A Organização Mundial de Saúde (OMS) alerta que, no mundo, a incidência da dengue aumentou 30 vezes nos últimos 50 anos.
A malária, apesar de ter tratamento e cura, atingiu 214 milhões de pessoas e provocou a morte de 438.000 no mundo em 2014. A leishmaniose visceral afeta 300 mil pessoas anualmente e mata cerca de 20 mil; nos últimos cinco anos, um milhão de pessoas sofreu com leishmaniose cutânea, e a OMS alerta para que cerca de 310 milhões de pessoas estejam expostas à doença.
Cerca de sete milhões de pessoas são infectadas por doença de chagas, segundo a agência mundial, a maioria na América Latina. 900 milhões de pessoas, na África e América Latina, estão expostas à febre amarela, doença que mata anualmente 30 mil infectados.
Sabe o que essas doenças têm em comum, além dos vergonhosos números astronômicos?
Além de afetarem majoritariamente regiões subdesenvolvidas, são transmitidas por insetos, como mosquito, borrachudo, mosca, pulga, piolho, besouro, ácaro e carrapato. “São chamadas doenças transmitidas por vetores, insetos hematófagos, que se alimentam do sangue humano, cujos organismos têm simbiose com as doenças infecciosas”, explica Bráulio Araújo, infectologista Hospital Geral de Pirajussara, unidade da Secretaria de Estado da Saúde gerida pela Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM).
Do século XVII até o início do século XX, as doenças transmitidas por vetores causaram mais mortes do que todas as causas somadas.
A transmissão da doença se dá da seguinte forma: o inseto, na maioria das espécies apenas a fêmea, pica uma pessoa infectada pela doença, sugando seu sangue. Ao picar uma pessoa sadia, a saliva contaminada do inseto entra em contato com a corrente sanguínea e transmite a doença. São vetores, apenas reservatórios da enfermidade, não a desenvolvendo.
“Geralmente o inseto hematófago é a fêmea, a única que pica a pessoa, porque ela precisa do sangue humano para nutrir os ovos que colocará nos criadouros. De lá, saem as larvas, que se desenvolvem para novos insetos. Esses vetores só transmitem a doença se picarem alguém doente”, explica o infectologista.
Apenas uma pequena porcentagem de insetos transmite doenças ao homem através da picada, e o mais perigoso, segundo um relatório da OMS, é o mosquito, que transmite malária, dengue, febre amarela, zika, chikungunya e outras.
Prevenção
Essas doenças transmitidas por vetores são totalmente evitáveis: basta não ser picado pelos insetos. E as medidas para que isso ocorra são simples:
- Manter a higiene no local onde vive e arredores.
- Impedir o acúmulo de água, que forma os criadouros – lembrando que mosquitos gostam de água limpa, e um pouco de cloro já previne para que eles não depositem seus ovos ali.
- Usar repelente que contenha uma substância chamada icaridina. Mulheres grávidas também podem usar repelente, conversando com seu obstetra para saber qual o mais indicado.
- Usar, sempre que possível, roupas que cubram a maior parte do corpo.
Segundo entidades da área da saúde, como a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, 80% dos criadouros do mosquito transmissor estão em imóveis residenciais, por isso, nada de água parada em baldes, vasos e poças. Assim, evitar a proliferação de insetos – e a perpetuação de epidemias – é responsabilidade de cada um de nós. “No momento em que a dengue que eu tenho foi transmitida por um mosquito que nasceu na casa do vizinho, todos temos obrigação de combater a doença”, finaliza Bráulio Araújo.