O beijo está presente na nossa vida desde a mais tenra idade. Quando aquele pequeno ser nasce, tão frágil, tão dependente, as reações mais naturais dos seus pais são a de proteger, acalentar, abraçar e beijar!
“Aspectos emocionais do beijo estão impressos em nossa história de vida: o beijo no bebê, como demonstração de carinho; o beijo da mamãe para amenizar a dor no machucado; o primeiro beijo na adolescência, cercado de ansiedades e expectativas; o beijo no altar para selar um compromisso; além de suas variáveis, como o beijo borboleta, o beijinho de esquimó ou roubado. Todos eles fazem parte da vida afetiva de cada um de nós”, explica Renata Naves, psicóloga do Serviço de Psicologia Hospitalar do Hospital Municipal Dr. José de Carvalho Florence (HMJCF), administrado pela Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM).
Quem diz que o tempo é o melhor dos remédios não se lembra de quando prendeu o dedo na porta, e um pequeno beijinho da mãe fez desaparecer como que por encanto aquela dor excruciante! Não se lembra do beijo adolescente, que nos fazia suar e até nos paralisava e não tinha nada que se comparava com aquilo.
O beijo é um gesto de carinho, um símbolo de intimidade e um sinal de respeito. Há registros de beijos em praticamente todas as culturas e sociedades estruturadas do planeta. E o fato de ter uma demonstração parecida com o beijo entre os primatas sugere que, mais que cultural, o beijo tenha uma função biológica.
A ciência do beijo
Pesquisadores da universidade americana da Oxford tentaram entender esse mecanismo e, após observação e aplicação de questionários em mais de 900 pessoas ao longo de algumas semanas, formularam duas hipóteses e uma conclusão, ambas curiosas.
Primeira hipótese: o beijo já teve um papel importantíssimo na nossa sobrevivência, porque, ao mesmo tempo em que criamos intimidade com uma pessoa através do beijo, acabamos tendo acesso a mais informações instintivas acerca da sua saúde. Isso foi muito importante para nossos antepassados: através do hálito, por exemplo, ou de sinais hormonais, acabávamos tendo uma noção de que a pessoa era ou não segura para acasalamento e procriação.
A segunda hipótese, mais romântica, é de que o beijo tem uma função importante para o ato sexual, ajudando na excitação e no envolvimento dos parceiros. Isso, inclusive, acaba influenciando o desejo de duas pessoas permanecerem juntas. Afinal, “um casamento precisa ser alimentado diariamente com afetos e carinhos para permanecer saudável”, explica Renata.
A conclusão a que os estudiosos do beijo chegaram é que, muito provavelmente, as duas hipóteses são corretas.
Beijar faz bem à saúde
Já que decidimos que beijar é um ato natural e é fundamental para a preservação da espécie, agora podemos relaxar e concluir de vez que beijar é bom! É gostoso e o ato em si desencadeia várias reações no nosso corpo.
“Os beijos fazem com que nosso corpo libere hormônios que melhoram nosso ânimo e funcionam como antidepressivos naturais, dando uma sensação de bem-estar. Eles também dilatam os vasos sanguíneos e por isso reduzem dores de cabeça”, conta a psicóloga.
Não importa o grau de intimidade, se é romântico, fraternal ou de criança, aprendemos muita coisa com um beijo: lidamos com emoções, fortalecemos nossa autoestima, conhecemos alguns dos nossos limites e os do nosso beijado. E ainda prevenimos doenças, ficamos jovens mais tempo e até cáries evitamos.
“A salivação provocada pelo beijo ajuda a combater cáries e a troca dela ajuda a criar anticorpos e prevenir doenças, aumentando nosso sistema imunológico. Além disso, a movimentação muscular causada pelo ato tonifica a pele e evita o aparecimento de rugas”, ensina Renata. Mas fique atento, porque a saliva é ainda um meio de transporte para várias doenças infecciosas, então se estiver doente, proteja quem você ama e guarde o beijo para depois.
E, para finalizar, uma informação que vai agradar a muita gente: um beijo queima de duas a três calorias por minuto, ao movimentar 34 músculos faciais e 112 músculos relacionados à postura! Queria mais um motivo para beijar? Acabou de ganhar um.