Entre 60% a 70% dos cerca de 400 pacientes que passam pela equipe de endocrinologistas do Ambulatório Médico Especialidades (AME) Maria Zélia todos os meses chegam com diagnóstico de diabetes.
“O Corpo Clínico de Endocrinologia do Maria Zélia presta o atendimento médico, reforçando as orientações iniciadas na Unidade Básica de Saúde de destino, dando continuidade ao tratamento e, na eventualidade de complicações, solicita a avaliação de demais especialistas, como cardiologistas, nefrologistas e oftalmologistas”, explica Izabel Christina Barbachan Cavalcanti Rodrigues, endocrinologista da unidade.
Esse cuidado com portadores de diabetes é mais que necessário. Segundo a International Diabetes Federation (IDF), mais de 250 milhões de pessoas no mundo tem a doença e cerca de 3,8 milhões morrem por sua causa ou complicações. Uma das principais causas de morte é a falta de tratamento adequado, seja porque o paciente não sabe que tem a doença, ou porque acaba relaxando nos cuidados necessários
No Brasil, já são mais de 12 milhões de pessoas com diabetes, com mais da metade (60%) sem diagnóstico, segundo Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD).
A diabetes é um distúrbio metabólico determinado geneticamente, associado à deficiência na produção ou ação da insulina (hormônio produzido pelo pâncreas, que permite a entrada de glicose nas células para ser transformada em energia). Quando não há insulina no organismo, ou ela é ineficiente, a principal fonte de energia do corpo, a glicose, é expelida através da urina.
“Esse processo ocasiona alterações metabólicas, complicações vasculares e neuropáticas. O componente metabólico distingue-se por hiperglicemia (excesso de açúcar no sangue) e alteração no metabolismo de proteínas e lipídios”, explica a endocrinologista.
A diabetes é classificada em dois tipos:
Tipo 1 – uma doença autoimune, em que o organismo ataca as células que produzem a insulina. Surge antes dos 30 anos e requer administração de insulina regular para a própria sobrevivência.
Tipo 2 – é desenvolvida na maturidade, geralmente associada à obesidade, em 90% dos casos, e compreende um conjunto de distúrbios que podem apresentar hiperglicemia e graus variados de complicações crônicas.
“ É uma doença que não tem cura e os dois tipos requerem alguns cuidados semelhantes , como a necessidade de mudanças nos hábitos alimentares e no estilo de vida, por exemplo”, afirma a médica.
Na diabetes tipo 2 os principais riscos de morte são decorrentes de macroangiopatias, com manifestações como doença coronariana, acidente vascular cerebral e insuficiência vascular periférica.
Na diabetes tipo 1, além dessas, são mais comuns as microangiopatias, como as que afetam os rins, retina e vasos periféricos.
“Pacientes com diabetes tipo 1 precisam de administração de insulina. O tratamento do tipo 2, por sua vez, pode ou não requerer insulina; em alguns casos, a simples mudança de hábitos alimentares e realização de atividade física regular podem dar bons resultados”, ensina Izabel, que completa: “os bons resultados do tratamento, em ambos os casos, dependem da adesão do paciente ao uso correto dos medicamentos”.
Não tem cura, mas suas complicações podem sim ser evitadas, com redução dos fatores de risco, com ações como glicemia, monitoramento da função renal, da retina, do coração, dos vasos e dos níveis de lipídios.
Além disso, manter hábitos saudáveis, inclusive de alimentação, e praticar exercícios físicos, pode amenizar os efeitos da doença, além de serem indicados para a saúde de todas as pessoas.
“Portadores de diabetes podem viver bem, desde que aceitem o diagnóstico e sigam o tratamento. É recomendável que tenham à disposição uma equipe multidisciplinar entrosada e preparada. E é imprescindível que sigam todas as orientações de medicamentos à risca”, alerta a endocrinologista.
AME Maria Zélia
O AME Maria Zélia, seguindo as diretrizes da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES/SP), tem implantada a Linha de Cuidado Ambulatorial de Alta Resolutividade (LCAR), inclusive em diabetes, consistindo, além do atendimento médico, a avaliação e seguimento multiprofissionais, envolvendo a participação de enfermeiros, farmacêuticos e nutricionistas.