O primeiro mês do ano é voltado para a campanha Janeiro Branco, que coloca em pauta a desmistificação da saúde mental. A campanha é um desdobramento do Setembro Amarelo, também focado em saúde mental, e une, durante todo o mês de janeiro, ações e orientações de psicólogos e psiquiatras que estimulam pessoas a pensarem sobre o sentido e os propósitos de suas vidas, bem como a qualidade dos seus relacionamentos e o quanto elas conhecem sobre si mesmas – seus pensamentos, emoções e comportamentos.
Além de toda essa parte reflexiva, a campanha também discute doenças mentais conhecidas e não tão conhecidas. “Essa é uma iniciativa fundamental porque dissemina o conceito de saúde mental e a importância de se buscar auxílio quando há a percepção de que a mente não anda bem”, explica o psiquiatra Lucas Huhn Firmino, que atua no Polo de Atenção Intensiva em Saúde Mental da Zona Norte (PAI ZN), unidade gerenciada pela SPDM. “São feitas divulgações sobre o assunto por meio da rede pública e atenção primária, além da propagação de informações em escolas e empresas para desmistificar o conceito de doença mental, identificar casos novos e melhorar os que já estão em acompanhamento”, esclarece o profissional.
A depressão, por exemplo, atinge mais de 300 milhões de pessoas em todo o mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). A doença é uma das mais comentadas quando se trata de saúde mental, visto que afeta pessoas independente da faixa etária, etnia, raça, gênero ou classe social. Contudo, existem outras doenças tão graves quanto a depressão, ainda pouco debatidas socialmente, que acabam não recebendo a devida atenção por tabus sociais.
Ansiedade, transtorno bipolar, síndrome do pânico, esquizofrenia, dependência química estão entre as doenças mentais mais conhecidas. Dentre as menos conhecidas, estão o transtorno delirante persistente, transtornos de personalidade e o obsessivo compulsivo (TOC).
Todos esses transtornos possuem sintomas em comum, que variam entre irritabilidade, humor deprimido, insônia ou hipersônia, aumento ou redução do apetite, ansiedade, cansaço, fadiga, prejuízo funcional, pensamentos suicidas e dificuldades de lidar com emoções.
“É importante que, ao perceber sintomas que gerem muito sofrimento ou comecem a atrapalhar a rotina, a pessoa marque uma consulta com psicológico ou psiquiatra para um direcionamento melhor, uma identificação do que acontece. Os tratamentos geralmente são psicoterápicos, por meio da fala e do comportamento. Contudo, dependendo da intensidade e prejuízos causados pelos sintomas, há a indicação de tratamento medicamentoso”, esclarece Firmino.
Cuidados com a saúde mental no PAI ZN
Criado em 2007, o Polo de Atenção Intensiva em Saúde Mental da Zona Norte (PAI ZN) está localizado nas dependências do Conjunto Hospitalar do Mandaqui, na Zona Norte da cidade de São Paulo. Atende 100% pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e 24 horas por dia. Em 2018, a SPDM assumiu a gestão da unidade, que disponibiliza serviços de pronto-socorro com 13 leitos de observação (urgências e emergências psiquiátricas) e 30 leitos de internação (estabilização do quadro).
No ano de 2019, em média, 1.370 pacientes foram atendidos por mês, ou seja, mais de 16 mil pessoas procuraram a unidade em busca de cuidados com a saúde mental. “Muitos pacientes procuram o PAI ZN com sintomas depressivos e ansiosos. O papel do pronto-socorro é acolher essas pessoas e encaminhá-las ao serviço adequado para tratamento, tais como as Unidades Básicas de Saúde (UBS), os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), os Ambulatórios Médicos de Especialidades (AME), entre outros. Nos casos graves em que o paciente apresenta risco de suicídio, recusa alimentar ou algo que ameace sua integridade física, ele é internado para observação”, explica o psiquiatra.