A decisão de uma dieta vegetariana não se resume em tirar a carne do cardápio.
“De todos os nutrientes vitais para a saúde, apenas a vitamina B12 não é encontrada na dieta vegetariana, em especial na vegana. Os demais podem ser obtidos com abundância em cardápios sem carne, ovos, leites e derivados”, afirma Vanessa Marins Maniezo, gerente de Nutrição das Unidades Afiliadas da SPDM.
Essa é uma boa notícia, já que, segundo o Instituto de Opinião Pública e Estatística (IBOPE), no Brasil, 10% dos homens e 9% das mulheres maiores de 18 anos declararam-se vegetarianos.
“A simples substituição de alimentos de origem animal pelos de origem vegetal costuma alterar a proporção de macronutrientes (como são chamados os componentes vitais da alimentação, como proteínas, lipídios e carboidratos) da dieta, e o indivíduo pode precisar de ajuda para ajustar os nutrientes às necessidades nutricionais”, explica a nutricionista.
O vegetarianismo, seja por razões científicas, ambientais, religiosas, filosóficas ou éticas, é classificado de acordo com o consumo de subprodutos animais (ovos e laticínios): ovolactovegetariano, que come ovos, leite e laticínios; lactovegetariano, não utiliza ovos, mas faz uso de leite e laticínios; ovovegetariano, que não come laticínios, mas consome ovos, e vegetariano estrito, ou vegano, que não utiliza nenhum derivado animal na sua alimentação nem em outros produtos como cosméticos e vestuário.
“Estudos científicos demonstram que é possível atingir o equilíbrio e a adequação nutricional com dietas vegetarianas, desde que bem planejadas e, se necessário, suplementadas. A dieta vegana, mais radical, não encontra vitamina B12 e é muito pobre em cálcio e proteína. É a mais difícil de atingir a adequação nutricional, por isso exige planejamento e orientação alimentar cuidadosos, incluindo suplementação específica”, explica Vanessa.
Na alimentação ovolactovegetariana, os nutrientes que merecem atenção especial de seus adeptos são: ferro, zinco e ômega-3.
Os riscos de uma dieta carente de nutrientes são sérios – e evitáveis
Os riscos de uma dieta pobre em vitamina B12, cálcio e proteínas são grandes. “Deficiência de vitamina B12 causa anemia, com sintomas que vão desde dificuldades para andar, formigamentos nas pernas, pés e mãos, palidez, inchaço, fraqueza muscular, má absorção de nutrientes, infertilidade e tromboses”, alerta a nutricionista.
Carência de cálcio pode trazer muitas consequências, como raquitismo em crianças e osteomalácia em adultos, doenças que resultam em deformidades ósseas. Além, disso, a falta de cálcio pode causar câimbras, pressão alta, irritabilidade, dor na coluna, depressão, ansiedade, osteoporose, cólicas menstruais, unhas fracas, cáries e artrite.
Já a falta de proteínas pode resultar em dois tipos de desnutrição, o marasmo, mais comum em crianças, que leva à perda muscular e a uma aparência magra, e a kwashiorkor, que provoca edema ou retenção de líquidos e leva à uma barriga inchada, sistema imunológico fraco e diarréia crônica.