Com o aumento do número de casos em São Paulo, a população em geral precisa redobrar a atenção com os cuidados para evitar a contaminação por coronavírus. Porém, existe um grupo que pode ser especialmente afetado pela doença – pacientes que já fizeram algum transplante de órgão/tecido ou que enfrentam a batalha contra o câncer. Sua suscetibilidade aos efeitos nocivos do vírus é maior, pois o uso de imunossupressores, necessários aos seus respectivos tratamentos, compromete o sistema imunológico, de forma que seus anticorpos não possuem a mesma eficiência que os da população em geral, no combate a doenças virais.
De acordo com o nefrologista Diogo Medeiros, Gerente Médico do Hospital de Transplantes Euryclides de Jesus Zerbini (HTEJZ), unidade da Secretaria de Estado da Saúde, gerenciada em parceria com a SPDM – Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina, o sistema imunológico de pacientes transplantados é comprometido exatamente pela exposição aos agentes imunossupressores que estes pacientes fazem uso.
“Esta classe de medicamentos atua diretamente no bloqueio dos mecanismos de desenvolvimento e fortalecimento do sistema imunológico, responsável pela rejeição ao órgão transplantado. Além dos cuidados, pacientes do grupo de risco também precisam manter uma alimentação saudável, ingerir bastante água e repousar”, afirma Medeiros, que também é coordenador do Serviço de Nefrologia e Transplante Renal da unidade.
Na prática, o bloqueio da rejeição, ao mesmo tempo em que traz o benefício da preservação do órgão a longo prazo, também provoca maior suscetibilidade a infecções. Assim, infecções virais como a Covid-19, podem ser mais graves em pacientes transplantados e oncológicos, em tratamento. “A imunidade destes pacientes é menor. Seus organismos não possuem a mesma resposta, em comparação com indivíduos saudáveis, assim devem seguir à risca as recomendações de prevenção, explica Marcelo Mostardeiro, infectologista do HTEJZ.
Por outro lado, de acordo com Claudio Murta, urologista do hospital, há uma boa notícia: o organismo de pacientes que contraem a doença, e estão curados do câncer, se comporta praticamente como o de pessoas da mesma idade, sem histórico oncológico. O que vai ditar a evolução do vírus serão outros problemas de saúde, além da idade.
Confira abaixo algumas dicas de prevenção e como agir diante dos sintomas de Covid-19:
– Evite o contato com pacientes que recentemente viajaram ou tenham sintomas de gripe, que trabalham em áreas de risco ou que tenham contato com muitas pessoas.
– Evite aglomerações e contatos próximos, como beijos, abraços e apertos de mão, mantendo distância entre pessoas de, ao menos, 2 metros.
– Ao sair, utilizar de sua máscara mesmo que caseira de acordo com as orientações de uso e período de validade.
– Com a prorrogação da quarentena até 10 de maio no Estado de São Paulo, permanece também a recomendação de distanciamento social: se possível, fique em casa.
– Ao espirrar ou tossir, cubra a boca com o antebraço e não as mãos, que são importantes veículos de contaminação.
– Não divida objetos pessoais e lave frequentemente as mãos com água e sabão por, no mínimo, 20 segundos. Quando isso não for possível, higienize-as com álcool 70%.
– Febre, tosse, aumento de secreção, coriza, congestão nasal e dor de garganta são alguns dos sintomas mais frequentes do Covid-19. A recomendação é que, se você apresentar esses sintomas a nível moderado, permaneça em casa, em isolamento. Isso ajuda a não superlotar as unidades de saúde. Contudo, em caso de piora ou persistência da febre e falta de ar, procure a unidade de saúde mais próxima (e utilize uma máscara cirúrgica para evitar que as gotículas expelidas pela tosse ou espirro atinjam outras pessoas).