É comprovado cientificamente que a vacinação traz grandes benefícios tanto à população, quanto ao controle de doenças e epidemias, mas uma parcela da sociedade deve ter alguns cuidados ao se vacinar. Pessoas que tem imunodeficiência desde a infância, indivíduos com doenças autoimunes, que tomam corticoides, ou paciente que tem a imunidade diminuída por causa de outra enfermidade, como o caso de transplantados que tomem imunossupressores, não devem tomar algumas vacinas.
De acordo com a hepatologista do Hospital de Transplantes do Estado de São Paulo Euryclides de Jesus Zerbini – unidade da Secretaria de Estado da Saúde gerenciada em parceria com a SPDM (Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina) Carolina Pimentel, isso ocorre porque algumas vacinas contêm em sua fórmula os chamados vírus atenuados, que estão lá para que o sistema imunológico responda e crie anticorpos. “Normalmente estes vírus não são capazes de provocar a enfermidade, mas em pessoas cuja imunidade é muito baixa, mesmo que atenuados, podem gerar doenças semelhantes as quais a vacina se propõe a evitar, já que seu sistema imunológico não é capaz de combater”, explica.
A melhor forma de prevenir é a informação e o diálogo. “Os pacientes e profissionais da saúde devem conversar. O médico tem que informar quais vacinas eles podem e devem tomar enquanto estiverem nessa condição de imunossupressão. Já os profissionais que trabalham em postos de vacinação precisam ter a ciência de perguntar se há alguma contra indicação, no caso, o mais importante é questionar se o indivíduo toma alguma medicação imunossupressora ou tem alguma doença que diminui a imunidade, para que se evite a administração inadvertida do vírus em potencial”, conclui.
Carolina explica que apenas algumas vacinas devem ser evitadas por esta população como, por exemplo, a tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola), febre amarela, varicela (catapora) e pólio. “É importante deixar bem claro que a vacinação é segura quando administrada da forma correta para pessoas corretas. A questão, então, não é não tomar, mas saber quais devem ser tomadas e quando”, finaliza.
Cerca de 340 pacientes imunossuprimidos transplantados passaram pela unidade nos últimos nove anos e receberam orientação sobre cuidados com a vacinação.