Todo início de ano, dentre os muitos planos que são feitos, muitas pessoas têm o hábito de traçar novas metas de leitura. Sejam as leituras que são exigidas em algum curso ou até mesmo para o trabalho, sejam os livros que se quer ler por vontade própria. O fato é que ler pode trazer benefícios para a saúde.
De acordo com a Pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada em 2016 pelo Ibope, encomendada pelo Instituto Pró-Livro, a leitura é um hábito de 56% da população brasileira, mas o brasileiro lê, em média, apenas 4,96 livros por ano. A pesquisa mostrou ainda que as principais razões pelas quais as pessoas lêem livros são gosto, atualização cultural, distração, motivos religiosos, crescimento, exigência escolar, atualização profissional ou exigência de trabalho.
Além de educar e entreter, a leitura pode ser um exercício para o cérebro, aprimorando a memória, estimulando a imaginação e desenvolvendo a inteligência, o raciocínio e a concentração. É claro que, neste processo, ler o que gostamos e queremos é sempre muito mais estimulante. “A leitura precisa envolver a individualidade de cada leitor para que seja um exercício para o cérebro. Quando um leitor encontra no texto algo que o agrade e com o qual se identifique, não haverá tédio ou sofrimento durante a leitura. Ler precisa de interesse do material explorado, para que assim o cérebro atribua sentido ao que há de ser lido”, explica William Ribeiro, psicólogo do Serviço de Psicologia Hospitalar do Hospital Municipal José de Carvalho Florence, administrado pela Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina.
Ler também faz com que a gente se relacione melhor com as pessoas. Um estudo publicado no periódico americano Trends in Cognitive Sciences mostrou que a leitura ajuda a entender melhor o sentimento dos outros, aumentando a nossa empatia, isso porque nos envolvemos emocionalmente com a leitura, com as circunstâncias da história e com personagens complexos.
“A leitura envolve o desenvolvimento de recursos para relacionamento interpessoal, intrapessoal, obtenção de recursos técnicos para realização de atividades cotidianas ou laborativas, entretenimento e fantasia”, diz o psicólogo.
A recomendação é que a leitura seja estimulada desde a infância e se torne um hábito, isso porque, conforme explica o especialista, através da leitura a criança pode obter enriquecimento cultural, desenvolvimento de raciocínio lógico e melhor entendimento dos próprios sentimentos, além do desenvolvimento da criatividade.
Relaxe!
Já percebeu como muita gente gosta de ler antes de dormir? Não é que a leitura seja um tédio e induza ao sono, mas ela pode sim ajudar a relaxar e a reduzir o estresse do dia a dia. Uma pesquisa realizada em 2009 pela Universidade de Sussex, no Reino Unido, mostrou que ler por apenas seis minutos ajuda a reduzir os níveis de estresse em até 68%. O psicólogo explica que a redução do estresse é algo relativo, já que envolve diversas ações, no entanto, se a leitura for prazerosa, ela pode sim acalmar, pois faz com que o leitor se envolva em uma atividade gratificante.
Existe até uma terapia baseada na leitura, a chamada biblioterapia. O termo foi criado por médicos norte-americanos durante a Segunda Guerra Mundial, quando eles perceberam que a leitura ajudava a relaxar soldados que sofriam de estresse pós-traumático. É claro que, por si só, a leitura sozinha não vai curar nenhuma doença, mas ela pode ser um ótimo instrumento para o autoconhecimento, como explica Ribeiro: “Distúrbios psicológicos ou psiquiátricos carecem de tratamento adequado, e o trabalho da psicologia e psiquiatria é oferecer suporte de enfrentamento para os conflitos da vida. Mas vale salientar que a leitura não é jamais contraindicada”.
Já deu para perceber que ler só traz benefícios: é fonte de conhecimento, melhora o vocabulário, estimula a imaginação e a criatividade, além de ajudar no desenvolvimento das crianças. Então pode mergulhar nos livros, aproveite que o ano está começando e faça sua lista. Boa leitura!