O Hospital de Transplantes do Estado de São Paulo, unidade da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo gerenciada em parceria com a SPDM (Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina), decidiu ensinar os pacientes hemofílicos tratados na unidade a aplicar em casa o Fator.
Familiares e cuidadores dos pacientes também receberão orientações sobre a correta profilaxia em domicílio, como forma preventiva contra hemorragias e possíveis sequelas nas articulações. O treinamento tem como objetivo proporcionar maior autonomia aos hemofílicos, evitando problemas que podem levar ao pronto-socorro.
No hospital funciona um dos maiores centros de referência para hemofílicos do país. Será o primeiro grande treinamento de profilaxia domiciliar com mais de 60 hemofílicos inscritos.
Informações pertinentes quanto à refrigeração correta, doses e descarte das agulhas serão ensinadas pelos médicos e enfermeiros especialistas do serviço. “Com o treinamento, os hemofílicosestarão habilitados a se tratarem no próprio domicílio evitando as constantes viagens aos prontos-socorros”, afirma Leila Perobelli, médica e coordenadora do serviço de hematologia do Hospital de Transplantes.
“Estamos dando mais autonomia aos nossos pacientes para que realizem a punção do fator em casa e diminuam a constante corrida aos serviços especializados apenas para a administração das doses”, explica a enfermeira do serviço de hematologia do Hospital de Transplantes, Juliana Batista.
A hemofilia é uma doença genética que causa desorganização no mecanismo de coagulação do sangue. Na maioria dos casos, as mulheres carregam o gene por ser uma patologia ligada ao cromossomo sexual X. A mulher não desenvolve a doença, mas os filhos homens manifestam a hemofilia.
Por ser uma deficiência de coagulação, o portador pode apresentar sangramento em qualquer local do organismo. Porém, os sangramentos nas articulações são os mais frequentes e trazem mais complicações causando atrofias nas articulações do joelho, calcanhares, ombros etc.
Por isso, o uso correto do fator e o acompanhamento clínico permanente com exercícios físicos regulares são recomendados pelos médicos.
Existem dois tipos de hemofilia: a do tipo A, que ocorre por falta do fator VIII de coagulação, e a do tipo B que é ocasionada pela ausência do fator IX. A doença, ainda, pode ser caracterizada de acordo com a quantidade do fator que está em deficiência no sangue. O tratamento consiste na reposição do fator de coagulação específico para cada tipo. O medicamento tem distribuição gratuita pela rede pública de saúde.