Dia 24 de março é o Dia Mundial de Combate à Tuberculose, e nós temos boas notícias: segundo o Ministério da Saúde, nos últimos 17 anos, o Brasil experimentou uma queda de 38,7% na taxa de incidência da doença e 33,6% na taxa de mortalidade por tuberculose. A meta brasileira agora é chegar em 2035 com uma redução de 95% nas mortes e 90% na infecção por tuberculose no País, para bater as metas dos Objetivos do Milênio (ODM), estabelecidas pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2000, com o apoio de 191 nações.
Apesar da boa notícia, não temos ainda muito a comemorar. Todos os anos 70 mil brasileiros pegam tuberculose e cerca de 4,6 mil morrem por isso. Entre os 22 países responsáveis por 80% dos casos da doença no mundo, o Brasil ocupa o 17º lugar.
“Se formos olhar no mapa, esses 22 países que concentram a doença têm em comum uma taxa populacional grande, um produto interno bruto (PIB) muito baixo, pouca educação, estão em região tropical e são pobres”, aponta Campbell Guerra, pneumologista do Hospital Municipal José de Carvalho Florence, de São José dos Campos, unidade gerenciada pela Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM).
Tuberculose no mundo
Juntas, a AIDS e a tuberculose são as principais causas de morte entre as doenças infecciosas e é comum que elas andem juntas, pois se aproveitam da baixa imunidade. No mundo, das 9 milhões de pessoas infectadas por tuberculose anualmente, cerca de 1 milhão e 500 mil morrem, segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), entidade vinculada à Organização Mundial da Saúde (OMS).
Isso em números oficiais. Estima-se que um terço da população mundial, mais de dois bilhões de pessoas, esteja infectado pelo Mycobacterium tuberculosis ou Bacilo de Koch (BK), e que apenas uma parte, cerca de 10%, adoeça por isso.
“Quando uma pessoa tem contato com alguém com tuberculose, é uma porta de entrada do bacilo, mas se ela se cuida, se seu sistema imunológico está em equilíbrio, esse bacilo fica lá, adormecido, calcificado pelo organismo, não desenvolve a doença”, explica Campbell.
Doença silenciosa
O mais assustador é que, segundo a OMS, três milhões de doentes não foram diagnosticados, ou não estão sendo tratados ou não foram registrados oficialmente em algum programa oficial de atendimento à pacientes com a doença. Isso significa que muitos irão morrer sem sequer saber que estão doentes – e que poderiam se tratar – sendo que a maioria vai infectar outras pessoas. E esses números permanecem estáveis já há longos sete anos.
“Essas pessoas estão longe dos grandes centros urbanos, geralmente concentrados em periferia e muitos não sabem que tem a doença. Nem sabem sobre a doença. Os sintomas são coisas simples, como tosse, talvez com catarro, febre, uma preguiça até de comer. Com isso, a pessoa não procura um médico e deixa de fazer o diagnóstico”, alerta o pneumologista.
O alentador é que, uma vez diagnosticada, a tuberculose tem cura. O tratamento dura seis, nove, até 12 meses, com antibiótico, com resultado muito satisfatório: segundo a OPAS, das pessoas doentes que seguiram o tratamento completo em 2013, 86% foram curadas. Mas é preciso seguir o tratamento à risca, sem interrupção, sem abandono.
“O tratamento pode ser desagradável, dar algumas reações adversas, como dor de estômago ou algum mal-estar. O paciente pode se sentir melhor e por isso alguns deixam o tratamento de lado. Se o processo for seguido certinho, o caminho natural é a alta por cura, com uma taxa de sucesso muito grande”, explica Campbell Guerra.
Mas afinal, o que é tuberculose?
A tuberculose (TB) é uma doença infecto-contagiosa, causada por um bacilo chamado Mycobacterium tuberculosis ou Bacilo de Koch (BK), que afeta principalmente, mas não apenas, os pulmões.
O contágio se dá diretamente, de pessoa a pessoa, por contato de proximidade, através da saliva – sabe aquelas gotinhas que saem da boca quando falamos, tossimos ou espirramos? Elas podem carregar o agente infeccioso que será aspirado por outras pessoas.
Alguns fatores, como má alimentação, falta de higiene, tabagismo, alcoolismo e situações que deixam o sistema imunológico deficiente deixam o indivíduo mais vulnerável à doença. Por isso que ela ocorre principalmente em países subdesenvolvidos. Pobreza e má distribuição de renda são determinantes e alguns grupos populacionais (como portadores de HIV, pessoas em situação de rua e os privados de liberdade) estão mais expostos à doença, por conta das condições de vida e saúde a que estão submetidos.
A doença é curável e no Brasil toda a rede do Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza o tratamento. O quanto antes for feito o diagnóstico, maiores as chances de sucesso no tratamento. Por isso, fique atento aos principais sintomas:
– Tosse seca contínua e duradoura, que pode apresentar secreção com o passar do tempo.
– Cansaço excessivo repentino, sem que haja mudança na rotina.
– Febre baixa, geralmente à tarde.
– Sudorese noturna.
– Perda de apetite.
– Palidez.
– Perda de peso repentino.
– Rouquidão.
– Fraqueza e prostração.