No ciclo menstrual natural, apenas um folículo ovariano se forma e ovula, liberando um único óvulo. A figura ao lado mostra o aspecto, no ultrassom, de um ovário com quatro folículos: três menores e um maior (D), que é o que vai ovular. Pode ocorrer, entretanto, que esse óvulo não tenha qualidade para ser fertilizado pelo espermatozóide e desenvolver o embrião. Essa é a razão para se realizar a estimulação ovariana: supõe-se que, se forem desenvolvidos vários folículos, aumenta a chance de existir pelo menos um óvulo com qualidade para ser fertilizado e desenvolver um bom embrião.
A estimulação se faz por meio de injeções de hormônios, em geral pela via sub-cutânea, mas também podem ser utilizados medicamentos orais. Esses hormônios vão atuar nos ovários, provocando o desenvolvimento de vários folículos. As falhas no procedimento podem ocorrer por três motivos principais: dose administrada insuficiente, medicação inadequada para o paciente ou a falta de resposta dos ovários.
Quando a falha decorre da administração de doses menores do que as necessárias para o desenvolvimento dos folículos, a correção se faz facilmente, aumentando-se a dose da medicação.
Os medicamentos utilizados para estimulação dos ovários têm qualidades ligeiramente diferentes. Algumas mulheres terão adaptação melhor a alguns deles e não a outros, e essa escolha depende de critérios médicos, e influencia o andamento da estimulação. Em relação às injeções, existem medicamentos elaborados por engenharia genética (recombinantes), e medicamentos extraídos da urina da mulher menopausada (urinários). Cada um deles tem sua utilidade, não havendo uma única medicação que seja melhor para todos os casos. Apenas o médico poderá escolher a melhor alternativa para a paciente: o melhor é aquele que dá o resultado desejado.
Algumas vezes, os ovários não respondem ao estímulo hormonal. Essa circunstância ocorre quando a mulher apresenta poucos folículos nos. Vamos lembrar que o número de folículos nos ovários da mulher é finito, e se reduz com a idade. Além disso, a qualidade dos óvulos também se deteriora com a idade, fazendo com que a gravidez se torne mais difícil, especialmente a partir dos 35 anos. Não existe um tratamento que faça aumentar os folículos ovarianos. Quando a estimulação não funciona após várias tentativas, é preferível utilizar óvulos de uma doadora para se obter a gravidez.
Devemos ter em mente também que, embora a mulher possa ter poucos folículos, se um estímulo vier a oferecer um óvulo de boa qualidade, ainda assim pode ocorrer a gravidez. Assim, embora a estimulação vise obter mais qualidade por meio de aumentar a quantidade, podem coexistir baixa quantidade com alta qualidade.
Para mais informações sobre reprodução humana, consulte a página:
www.hospitalsaopaulo.org.br/reproducaohumana
Dr Jorge Haddad-Filho, médico do Serviço de Reprodução Humana do Hospital São Paulo