Quando “todos os exames estão normais”, e tudo o que é pertinente à elucidação diagnóstica foi solicitado e realizado, sem que haja esclarecimento da causa para a infertilidade do casal, então estamos na fronteira do conhecimento da Reprodução Humana. É o que se chama infertilidade sem causa aparente (ou, abreviadamente, ISCA): o conhecimento se esgotou, e tanto o paciente quanto o médico são, agora, reféns da ignorância técnica.
Nessa ocasião, pela ausência de explicação lógica para os fatos, muitos casais são levados pelo desespero, tornando-se vítimas fáceis de ilusões que nada resolvem. Por exemplo, é comum que o casal, nessa situação, procure “orientação” em sites de internet (especialmente conhecido é o ”Dr. Google”), e em opiniões de amigos com problemas parecidos. Não raro é, também, surgir no casal uma espécie de “apego religioso”, procurando então “fórmulas mágicas” capazes de realizar o que parece uma proeza muito distante (provavelmente mais próxima do céu do que da terra): a gravidez.
É, também, o momento em que o casal exige que se realizem “todos os exames possíveis”, na tentativa de esclarecer o problema. Ocorre, então, que são realizados exames de caráter meramente experimental e de resultado discutível, apenas porque um casal amigo fez e obteve a gravidez. Não faltarão também, nessa ocasião, elementos menos escrupulosos, alheios à área médica, oferecendo pretensas soluções e aproveitando-se da fragilidade do casal.
A resolução dessa situação passa, primeiramente, pela confiança no seu médico assistente, compartilhando com ele o problema. Embora não haja diagnóstico, há procedimentos médicos, de cunho prático e já testados, que podem ser realizados na infertilidade sem causa aparente, frequentemente resultando em gravidez.
Na maioria dos casos, a histerossalpingografia mostrar, de modo indiscutível, tubas íntegras e cavidade uterina normal, e o espermograma evidencia um mínimo de 5 milhões de espermatozóides móveis com morfologia estrita maior que 4%. O primeiro processo a ser utilizado é a inseminação intrauterina (colocação de espermatozoides dentro do útero, no período próximo da ovulação). Se a gravidez ainda não ocorre, após duas ou três inseminações intrauterinas, então é o momento de se cogitar na utilização da fertilização in vitro.
Os dois procedimentos aumentam a probabilidade de gravidez, fato confirmado na prática clínica. As explicações para este aumento na taxa de gravidez são as mais variadas, sem que haja conclusão satisfatória até o momento. Como o conhecimento da Reprodução Humana ainda é limitado, acredita-se que esses procedimentos acabam por corrigir alguns problemas menores, ainda desconhecidos, que dificultam a gravidez. Seja qual for a explicação, as bases do sucesso numa situação desse tipo são a conduta reta do médico tecnicamente bem preparado, associada à confiança do paciente.