O esquema mostra, dentro do quadro, a estrutura de um óvulo normal.
Existe um núcleo (em amarelo) onde estão os cromossomos, conjuntos de genes (DNA) que determinam as características hereditárias da pessoa.
Envolvendo o núcleo está o citoplasma (em azul), que contém várias estruturas que dão apoio à vida da célula. Uma dessas estruturas é o mitocôndrio (pontos brancos dentro do citoplasma).
Dentro do citoplasma existem vários mitocôndrios. Eles são os produtores da energia que a célula precisa para se manter viva: são as usinas de força da célula. Os mitocôndrios têm moléculas parecidas com as dos genes, chamadas de DNA.
Ocorre que, em algumas pacientes, os óvulos têm mitocôndrios doentes (bege, na figura), capazes de produzir embriões que não geram gravidez saudável. Mesmo nesses casos o núcleo (roxo, na figura) é normal.
Por isso, o que se faz é retirar o núcleo do óvulo doente e colocá-lo num citoplasma sadio, de um óvulo da doadora. Esse óvulo é fertilizado com o espermatozoide e colocado no útero da receptora, gerando um embrião sadio.
A substituição do citoplasma, em si, não é novidade. Foi realizada em 2001, em Nápoles, Itália, com a finalidade de melhorar a qualidade de embrião em mulheres de mais idade. Os resultados foram contraditórios, parecendo não haver aumento da taxa de gravidez.
A questão de três pais refere-se ao fato de que o embrião apresentará DNA de três fontes diferentes: do espermatozoide (pai), do núcleo da receptora (mãe 1) e do citoplasma da doadora (mãe 2).
No entanto, já sabemos que a relação entre pais e filhos é muito pouco dependente do DNA, e sim de uma postura receptiva e amorosa paterna. Assim, mesmo crianças geradas dessa forma têm, como todas as outras, ”apenas” dois pais.
Dr Jorge Haddad-Filho, médico do Serviço de Reprodução Humana do Hospital São Paulo