É sabido que o estado psicológico de uma pessoa, longe de ser uma abstração, tem correspondência nas reações de nosso corpo: de fato, o homem é uma unidade que inclui o físico, o psíquico e a interação dos dois. Isto é particularmente verificável em situações de estresse: uma emoção intensa, por exemplo, pode levar à perda dos sentidos da pessoa mais sensível. Por vezes, um grande medo produz como que uma paralisia na pessoa, mesmo que haja risco a ela.
A infertilidade, por si só, é potencialmente produtora de estresse, seja pela frustração que produz, seja pela exposição a que o casal é submetido, seja pelos custos (em geral altos) dos exames diagnósticos e do tratamento. Acrescente-se a isso o estresse derivado da expectativa de sucesso, já que todos os procedimentos terapêuticos em reprodução humana aumentam a chance de gravidez, mas ainda não são capazes de oferecer garantia de sucesso. Assim, o casal enfrenta uma soma do estresse do cotidiano com o produzido pelo estado de infertilidade.
Dificuldades de ereção e distúrbios da libido são efeitos mais comuns do estresse no homem. No entanto, o estresse tem sido também associado a redução de concentração e de qualidade (motilidade e morfologia) de espermatozoides no sêmen, o que é especialmente observado durante os ciclos de fertilização in vitro. Enquanto a mulher está na sala cirúrgica, para punção dos ovários e captura dos óvulos, o homem colhe o sêmen por masturbação. As tensões envolvidas nesse momento são potencialmente capazes de produzir tanto dificuldades na ereção quanto alterações negativas no sêmen. Em relação aos aspectos hormonais, parece haver uma associação entre o principal hormônio masculino, a testosterona, e estados de estresse ou depressão. Não está ainda claro quem é a causa inicial, se a testosterona baixa produz estresse ou se o oposto ocorre.
A infertilidade toca mais diretamente a sensibilidade da mulher do que do homem: este é mais preocupado, via de regra, com a libido e ereção. Alguns trabalhos técnicos localizados foram capazes de demonstrar fatos interessantes em relação ao efeitos do estresse na fertilidade feminina. Mulheres que trabalham mais que 32 horas por semana demoram mais para engravidar do que as que trabalham menos, pelo menos na Holanda, onde o trabalho foi realizado. Mulheres com sentimentos positivos tem chance maior de nativivos que aquelas negativistas. Da mesma forma, a taxa de fertilização é menor em mulheres com maior estresse.
Esses fatos representam apenas um resumo do quanto o estresse pode prejudicar a reprodução. Em todos os casos, o aconselhamento psicológico terá um papel importante: mulheres inférteis, com suporte psicológico adequado, apresentam taxas de gravidez mais de duas vezes maior do que aquelas sem esse suporte.
Para mais informações sobre reprodução humana, consulte a página:
http://www.hospitalsaopaulo.org.br/reproducaohumana
55392814 – 55395526 – 55392084 – 55392581
Dr Jorge Haddad-Filho, médico do Serviço de Reprodução Humana do Hospital São Paulo