Um dos momentos mais tensos para os casais que necessitam de reprodução assistida, é o momento de receber o resultado do teste de gravidez. Após inúmeros exames, várias injeções, muita ultrassonografia e, se for fertilização in vitro, uma cirurgia, chegou a hora de se saber, com todas as letras, de modo inequívoco, ao que esse esforço levou. Equivalente, nas palavras de um paciente, ao exame vestibular: um ano de estudos, abdicação de alguns folguedos, concentração máxima, treinamento duro, para que tudo termine numa “lista de aprovação”, impessoalmente divulgada por todos os meios de comunicação. Impossível não consultar, impossível disfarçar a alegria ou a decepção.
No caso da verificação da gravidez em reprodução assistida, o exame mais utilizado é a dosagem, no sangue da futura mamãe, de um hormônio chamado beta-hCG (nome completo: gonadotrofina coriônica humana). Esse hormônio é produzido pelo próprio embrião e, se houver penetração no endométrio (implantação), parte desse hormônio chegará ao sangue da mãe e poderá ser dosado. Uma parte desse hormônio, já no sangue da mãe, é eliminada pela urina, e existem testes que evidenciam a presença desse hormônio também na urina.
Em geral, o exame se faz de doze a quinze dias após o procedimento (inseminação intrauterina ou transferência intrauterina de embriões). Quando dosado na urina, o resultado dará positivo ou negativo conforme a indicação do teste. No caso do exame de urina, vendido em kits nas farmácias, haverá uma referência no próprio exame e, se a dosagem estiver acima dessa referência, a indicação é de gravidez.
O teste sanguíneo trará como resultado um número, e, em geral, haverá uma referência acima da qual o teste indicará gravidez. Assim, se a referência for 30, resultados acima de 30 indicarão gravidez. O problema surge quando o resultado está abaixo de 30 (nesse exemplo) mas não é zero. Como é o embrião que produz o beta-hCG, e este é encontrado no sangue da mãe apenas se o embrião penetrou no endométrio, o resultado, mesmo menor que 30 (mas diferente de zero), indica que o embrião entrou no endométrio. Nesse caso, é necessária a repetição do exame, em geral dois ou três dias após, para que se saiba se há gravidez ou se o embrião teve uma implantação frustrada (chamada perda precoce).
E agora? O resultado do teste, seja positivo ou negativo, é carreador das muitas expectativas e esperanças do casal, e, por isso mesmo, é desejável que o casal compartilhe esse momento com seu médico: comemore com ele o resultado positivo, e apoie-se nele, se ainda não foi dessa vez.
Estaremos ausentes para uma reciclagem (férias) e voltaremos em janeiro.
Agradecendo aos que acompanham nosso blog, desejamos a todos um Natal de verdadeiro Renascimento, e um Ano Novo capaz de oferecer condições para as novas realizações. Vida Nova.
Dr Jorge Haddad-Filho, médico do Serviço de Reprodução Humana do Hospital São Paulo