Data de 1940, uma das primeiras tentativas de diagnosticar a gravidez por meio de testes de laboratório, o teste de Hogben. A urina da mulher com atraso menstrual era injetada em rãs fêmeas maduras e, se ocorresse a “ovulação” da rã após cerca de um dia, então o teste era positivo. Para que o teste funcionasse, era necessário um período de algumas semanas de atraso menstrual: talvez fosse mais fácil diagnosticar palpando o útero do que fazendo o teste. No entanto, as pesquisas evoluíram e, em 1947, surgia um novo teste, cujo resultado poderia ser conhecido em menos tempo e mais rapidamente. Era o teste de Galli-Mainini (criado pelo Dr. Carlos Galli-Mainini, médico endocrinologista argentino): a urina da mulher supostamente grávida era injetada em sapos ou rãs machos adultos e, se positivo, a urina dos animais, colhida três horas após a injeção, conteria espermatozoides.
O teste de Galli-Mainini é chamado de teste biológico (porque emprega animais), e foi utilizado amplamente, até que testes bioquímicos, mais rápidos e eficientes, determinassem a aposentadoria dos sapos e rãs.
O embrião humano produz o hormônio gonadotrofina coriônica (hCG). Quando esse embrião penetra no endométrio (camada interna do útero) materno, uma parte desse hCG atinge o sangue da mãe, permitindo sua detecção no sangue periférico por meios químicos, mais precisos que os biológicos. A precisão, porém, tem seus problemas quando aplicada num ambiente biológico.
Vamos pensar numa fertilização in vitro. Nesse tratamento, antes de se colher os óvulos por cirurgia, administra-se gonadotrofina coriônica para a mãe para maturar os óvulos. Se for feito um teste de gravidez após a essa injeção, poderá haver resultado positivo sem que haja gravidez: por isso, o teste de gravidez nesse tratamento deve ser feito mais de 10 dias (pelo menos) após a aplicação do hCG.
Outra discussão, ainda na fertilização in vitro, é a de quanto tempo, após a transferência do embrião, deve ser pedido o teste de gravidez. Vamos nos lembrar que o casal está exposto a uma situação de espera, em que nada mais pode ser feito: apenas esperar. Isto traz ansiedade e expectativa, pois o casal está lidando com uma das muitas situações de vida onde não tem mais controle do que pode ocorrer. Assim, pelo menos teoricamente, quanto mais rápido o resultado menor o período de tensão. Há a possibilidade de colher o exame doze dias após a transferência do embrião: nesse caso, a pesquisa mostra que cerca de 20% das vezes, embora o teste seja positivo, não se desenvolverá uma gravidez. Quanto mais alto o valor maior a chance da gravidez prosperar, não se conhecendo, até o momento, qual será o valor mínimo a partir do qual haverá gravidez. O fato de se encontrar o exame positivo sem que haja posterior evolução é um dos aspectos da chamada gravidez bioquímica. O exame feito no décimo quarto dia do ciclo parece ter mais chance de detectar a gravidez bioquímica: valores menores que 50UI tem uma chance alta de evidenciar esse fenômeno.
Dr Jorge Haddad-Filho, médico do Serviço de Reprodução Humana do Hospital São Paulo