A Homeopatia pode, sim, ser um valioso auxiliar para o tratamento em reprodução humana. Neste ponto, devemos separar o que é e o que não é homeopatia. Quando utilizamos um chá de ervas, ou o concentrado de uma mistura de plantas (“garrafada”) para tentar a gravidez, não estamos utilizando homeopatia. Trata-se apenas do uso de produtos naturais que, se tratados adequadamente, às vezes libertam substâncias que podem nos favorecer, sendo, portanto, parecidas com os remédios que utilizamos. Assim, por exemplo, o chá de erva-doce é rico em anis, que alivia cólicas (especialmente em bebês), de modo semelhante ao que fazem os remédios alopáticos. Isto não é Homeopatia: é Fitoterapia.
Na Homeopatia, o tratamento é realizado tendo em conta tudo o que vem ocorrendo com a saúde do paciente, incluindo os problemas de fertilidade. A suposição é a de que o tratamento da Saúde do paciente, como um todo, crie condições mais propícias para a manifestação da fertilidade. Dessa forma, parece não haver um medicamento específico para a fertilidade, mas, antes, um medicamento que harmonize a Saúde da pessoa. Por isso, pode acontecer que um medicamento homeopático, prescrito para uma pessoa, não seja adequado para outra. E, também por isso, é absolutamente necessária uma formação adequada e específica para o médico homeopata.
Como em todos os tratamentos, há limitações para o tratamento homeopático. Existem situações em que esse tratamento tem chance mínima ou nula de reverter a causa da infertilidade, por exemplo, quando há:
1. Obstrução das trompas, seja por endometriose ou por infecção (o tratamento não desobstrui as trompas);
2. Malformações no útero, que impedem ou dificultam a implantação do embrião;
3. Alterações genéticas que resultam em espermatozoides e/ou óvulos alterados, impróprios para fertilização.
No entanto, mesmo nessas ocasiões, o paciente poderá se beneficiar de homeopatia associada ao tratamento alopático. Se, por exemplo, as trompas estão obstruídas, o tratamento será por meio de fertilização in vitro. Nesse caso, o medicamento homeopático adequado poderá melhorar a resposta ovariana aos hormônios administrados, e também colaborar nas condições uterinas para a implantação. De toda a forma, a associação dessas duas formas de medicina, quando colocadas de modo correto e com competência, é positiva para o sucesso nos procedimentos de reprodução assistida.
Dr Jorge Haddad-Filho, médico do Serviço de Reprodução Humana do Hospital São Paulo