Os folículos são bolsas de líquido que podem conter um óvulo, situadas dentro dos ovários. No líquido estão as substâncias favoráveis para o desenvolvimento do óvulo. Os folículos são formados ainda no desenvolvimento embrionário da mulher, e existem aos milhares quando ela começa a menstruar. São de vários tipos, conforme mostra a figura: na imensa maioria dos ciclos menstruais, um único folículo (chamado antral) se rompe e libera o óvulo (ovulação).
Acontece que, em alguns ciclos menstruais, podem crescer folículos com óvulos de pouca qualidade, ou mesmo sem óvulos. Por isso, quando se utiliza algum procedimento de reprodução assistida (inseminação intrauterina ou fertilização in vitro), é arriscado confiar unicamente no óvulo que vem do folículo que naturalmente ovularia, porque esse óvulo pode não existir ou ser de qualidade ruim, prejudicando todo o tratamento. Para evitar esse tipo de problema, utilizam-se medicações que fazem com que cresçam vários folículos, na expectativa de que em algum ou alguns deles possam ser encontrados óvulos de boa qualidade.
As medicações utilizadas para esse fim são hormônios, em geral injetáveis semelhantes aos que já existem no corpo da mulher. O aumento de sua concentração, no sangue da mulher, tende a fazer com o que os ovários produzam vários folículos. O número de folículos produzidos depende do potencial dos ovários, que pode ser mensurado por meio de ultrassom e, também, por dosagens hormonais específicas. Em geral, pacientes mais jovens produzem um número maior de folículos.
Como ocorre com todas as medicações, existem efeitos colaterais. Em geral, ocorre um pequeno aumento de peso, atribuído a acúmulo de líquido no corpo. Também é comum a ocorrência de prisão de ventre, que pode ser atenuada com laxantes. Em mulheres mais sensíveis, podem ocorrer alterações psíquicas similares a uma tensão pré-menstrual (TPM). Outros efeitos são: dor de cabeça (especialmente se a paciente já tiver enxaqueca), náuseas e vômitos, aumento de varizes pré-existentes, piora de gastrite pré-existente, dentre outros. Todos esses efeitos são promovidos pelo grande aumento do hormônio feminino estradiol, que ocorre a custa do crescimento de vários folículos.
Os efeitos colaterais já descritos são, em geral, de pequena intensidade, e todos superáveis. No entanto, podem ocorrer dois efeitos colaterais de maior gravidade. Um primeiro é o aumento da tendência de coagulação do sangue, podendo gerar obstrução de artérias e veias (fenômenos tromboembólicos). Esses fenômenos podem levar a lesões graves, como trombose dos membros inferiores, acidentes vasculares cerebrais (derrames cerebrais) ou infartos cardíacos. Por isso, antes de se iniciar o tratamento, é aconselhável que se realizem exames de sangue que possam evidenciar uma tendência mais acentuada para trombose ou embolia que, se constatada, aponta para uso de anticoagulantes durante o estímulo.
Outro efeito colateral grave está relacionado com o estímulo à proliferação de tumores pré-existentes, especialmente da mama, do útero e dos ovários. Em todos esses casos, a prevenção se faz por meio de exames que constam na rotina da pesquisa da saúde da mulher, e que devem estar atualizados antes que o estímulo ovariano se inicie: mamografia, ultrassom de mamas, ultrassonografia pélvica, citologia de Papanicolau, colposcopia e outros.