É universalmente dito e aceito que levar uma vida saudável melhora todas as funções do nosso corpo: o que fica por ser explicado é o que se entende por “vida saudável”. Para os vegetarianos, a dieta é o mais importante. Para frequentadores de academias, não existe ‘saudabilidade’ fora do exercício. Para os religiosos, a base é a oração. E assim, por todos os lados, as sugestões para a “vida saudável” são abundantes e, por vezes, antagônicas ou mesmo carentes de qualquer fundamento real. O que parece mais adequado é que, como em toda a atividade humana, há um ponto de equilíbrio, particular para cada indivíduo, onde as coisas funcionam bem. O encontro desse “ponto de equilíbrio” é um trabalho muito singular, e às vezes árduo, do próprio indivíduo, a partir do qual ele próprio descobrirá o que pode tornar sua vida mais saudável.
Com a reprodução humana, em relação ao exercício, não é diferente. No caso do homem, a prática de exercícios por uma hora, três vezes por semana, parece ter efeito benéfico sobre a quantidade e qualidade do espermatozoide. No entanto, quando o exercício é mais frequente e mais vigoroso, há um decréscimo nos valores do espermograma. Existem trabalhos médicos mostrando que homens que participam de esportes competitivos, que buscam vencer obstáculos com muito treinamento e superação, têm qualidade de sêmen menor do que os que praticam exercícios moderadamente. Em nosso meio, é importante saber que ciclistas, que praticam mais do que cinco horas por semana, têm redução da motilidade e morfologia do sêmen.
Nas mulheres obesas, em que o exercício físico está associado a outras medidas com objetivo de perda de peso, o efeito é positivo sobre a fertilidade. No entanto, se o consumo energético com o exercício for superior à oferta, o efeito sobre o sistema reprodutor passa a ser negativo. Da mesma forma, exercícios extenuantes (como em mulheres atletas de elite) determinam decréscimo da fertilidade. Ao que parece, o exercício influi também nos resultados do tratamento com reprodução assistida: mulheres que se exercitam por quatro ou mais horas por semana têm taxas de gravidez 40% menores do que as que praticam atividade mais moderada.
Utilizando as evidências apresentadas, todas estatisticamente válidas, mas não aplicáveis diretamente a todos os casais, uma boa orientação é a de gastar algum tempo para entender as necessidades de seu corpo, com auxílio de especialistas em exercícios. E aprender, a partir dessa compreensão, e com a ajuda de seu médico, qual será a quantidade e a qualidade de exercícios que trará o melhor resultado para seu corpo e para o seu conceito de vida saudável.
Para mais informações:
http://www.hospitalsaopaulo.org.br/reproducaohumana
55392814 – 55395526 – 55392084 – 55392581
Dr Jorge Haddad-Filho, médico do Serviço de Reprodução Humana do Hospital São Paulo