Depois da fertilização (1), forma-se uma única célula, chamada célula ovo, resultado da união do espermatozóide com o óvulo, e esta célula começa a se dividir (2) e formar o embrião. Observe, no exemplo da figura, que o óvulo e o espermatozóide tem 2 cromossomos cada um (cromossomos são “pacotes” de gens). Quando se forma a célula ovo, os cromossomos semelhantes, um do espermatozóide e um do óvulo, ficam lado a lado. Dessa forma, enquanto cada gameta (espermatozóide e óvulo) tem 2 cromossomos cada um, a célula ovo tem 4 cromossomos (o dobro). Para formar o embrião, a célula se divide formando inúmeras células com o mesmo número de cromossomos (3).
Para a formação do embrião, os cromossomos precisam se duplicar seguida e rapidamente, e podem surgir erros nessa duplicação. Assim, podem se formar células sem um cromossomo, ou células com cromossomos extras, como mostra a figura. Essas células, em geral, formam um embrião inviável ou, quando ocorre implantação, podem gerar embriões com defeitos genéticos (síndrome de Down, por exemplo, que é a existência de um cromossomo a mais) ou ainda, podem gerar abortamento. Embora existam testes que possam ajudar a prevenir as alterações cromossômicas, nem sempre seus resultados são fidedignos, de modo que, na realização de fertilização in vitro, há sempre chance de que ocorram essas alterações. Não há como evitar os erros da divisão celular: assim, se ocorrerem, comprometem o resultado do procedimento, sem que o médico possa intervir positivamente.
Superadas a fertilização e o crescimento do embrião, resta ainda, para que ocorra a gravidez, a implantação do embrião. A implantação é resultante de uma interação bioquímica entre o embrião e o endométrio (membrana que reveste a cavidade interna do útero). Essa interação, cujos mecanismos ainda são parcialmente desconhecidos, se bem sucedida, resultará na penetração do embrião no endométrio, e na criação das membranas que envolverão o embrião durante a gravidez (placenta), oferecendo proteção e nutrição durante o seu crescimento. Não há como induzir, de modo efetivo, a implantação: reconhecidamente, a utilização de hormônios, principalmente a progesterona, promovem um desenvolvimento adequado do endométrio e aumentam a taxa de gravidez, também sem oferecer garantia.
Dessa forma, ainda que todas as outras etapas sejam cumpridas adequadamente, a gravidez pode não ser atingida, a despeito de todos os esforços e da técnica mais avançada. Nessa ocasião, cumpre ao médico o estudo mais aprofundado do caso, de modo a procurar oferecer a melhor alternativa possível numa próxima tentativa do casal. E cumpre, ao casal, compreender as limitações que a ciência, apesar de avançada, pode oferecer.
Para mais informações:
http://www.hospitalsaopaulo.org.br/reproducaohumana
55392814 – 55395526 – 55392084 – 55392581
Dr Jorge Haddad-Filho, médico do Serviço de Reprodução Humana do Hospital São Paulo